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22.06.2004  
   

Pesquisadores da UFRJ avançam na luta contra leucemia

Pesquisadores do Núcleo Pesquisas de Produtos Naturais (NPPN) da UFRJ anunciaram em artigo inédito, aceito pela revista Journal of Brazilian Chemical Society, a síntese em laboratório de uma molécula extraída das flores da planta norte-americana Petalostemon purpureu. A substância foi ativa em linhagens de células de leucemia resistentes a tratamentos com múltiplas drogas. O grupo de pesquisadores é coordenado pelo prof. Paulo Roberto Costa, com participação do prof. Alcides José Monteiro, do doutorando Chaquip Daher e do prof. Ayres Guimarães Dias (UERJ). Eles também são membros do Programa de Oncobiologia, que congrega diferentes abordagens para o tratamento de câncer.
A resistência a múltiplas drogas é um grande obstáculo na terapia anticâncer, sendo um fenômeno multifatorial, caracterizado pela habilidade de células cancerígenas não responderem a diferentes agentes quimioterápicos. De acordo com o coordenador da pesquisa, prof. Paulo Roberto Costa, muitas moléculas são avaliadas como anticancerígenas, mas o grande avanço está em descobrir moléculas ativas em células cancerígenas resistentes. O professor explica que a leucemia resistente é difícil de ser tratada. Se a droga produzida a partir das moléculas sintetizadas em laboratório passar nas fases preliminares de estudos e testes em camundongos, ela poderá ter seus efeitos estudados em humanos. Futuramente ainda é provável que se possa obter medicamentos para serem comercializados.
Há cerca de dez anos, pesquisadores do mundo todo conhecem os efeitos benéficos do extrato das flores da planta norte-americana Petalostemon purpureu, usada como cicatrizante e com ação de inibir crescimento de células. Porém, nenhum grupo, até a conquista dos pesquisadores da UFRJ, havia conseguido reproduzir em laboratório a estrutura da molécula. O prof. Paulo Roberto explica que seu trabalho é sintetizar moléculas novas a partir de indicações da cultura popular. A síntese em laboratório usa matérias-primas comerciais e as combinam (síntese orgânica) até chegar a uma molécula com estrutura idêntica à natural e também a estruturas diferentes, inventadas a partir da natural. O grupo de pesquisadores tem o mérito de ter observado o efeito ativo da molécula contra células de leucemia e ter preparado outros derivados da estrutura.
O Núcleo de Pesquisas de Produtos Naturais foi o primeiro a estudar produtos naturais no Brasil e é uma instituição de pós-graduação estabilizada há 35 anos, com importantes pesquisas voltadas, principalmente, para a utilização de produtos naturais nas suas diversas possibilidades.
A elaboração de substâncias ativas desse tipo é condição indispensável para a triagem de novas drogas anticancerígenas. Ainda é importante destacar que a substância sintetizada pelos pesquisadores da UFRJ possui baixa toxidade para células sadias, tornando-a muito promissora para realização de estudos em in vivo, que envolvem também pesquisadores do Departamento de Radiologia, do Hospital Universitário da UFRJ.

 

 

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