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Sandra
Telles
Assistente social, conselheira
do CTA/HESFA
“A
reação varia muito de pes-soa para pes-soa.
Primeiro, tentam adminis-trar o impacto da notícia
com maturidade. Nós esclarece-mos que é
possível con-trolar a situação
com o tratamento adequado e elas se acalmam. Mas há
o segundo estágio, o impacto sobre o cotidiano.
O soropositivo é obrigado a mudar seus costumes
e seus relacionamentos, por exem-plo. Nessa fase,
algumas pessoas conseguem se apegar a elementos que
as permite enfrentar o problema de frente, assim como
qualquer pessoa afetada por uma doença grave.
Por outro lado, existem aquelas que não conseguem
se adaptar ao novo estilo de vida e ao próprio
tratamento. São, portanto, dois impactos; o
imediato e o diluído, que se revela no dia-a-dia.
Em relação aos testes de vacinas, devemos
considerar que é um dado recente. Há
muito o que caminhar, mas é uma perspectiva
nova. Para o soropositivo representa a esperança
de que no futuro seus parentes e amigos terão
mais chances de evitar a doença. Alguns têm
a falsa esperança de que possam ser beneficiados
pelo surgimento de uma vacina, mas explicamos que
a vacina tem a função de previnir e
não de combater a doença.”
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Mauro
Schechter
Coord. do Laboratório
de Pesquisa em AIDS da UFRJ
“Produzir
qualquer droga é um processo longo, complicado
e caro. Gasta-se entre 500 milhões a 1 bilhão
de dólares na produção de uma vacina.
Além disso, é preciso definir com precisão
a eficácia da droga, porque qualquer efeito colateral
não previsto pode significar sua retirada do
mercado. Ou seja, um bilhão de dólares
investido em ‘nada’. E essa eficácia
depende do número de amostragem. Por exemplo,
o Brasil adotou uma vacina para combater a desnutrição
infantil. Em dois meses surgiram dois casos de morte,
por conta de uma reação adversa. A probabilidade
de isso acontecer é de um para cem mil. Resultado:
a droga saiu do mercado. No caso do HIV existem outros
agravantes. A grande dificuldade de se obter sucesso
nessa pesquisa é que nós não conhecemos
a parte do vírus a ser combatida – até
porque se soubéssemos, não seria preciso
teste algum. Essa é a quarta vacina testada no
Brasil. Das que já foram testadas, uma já
foi descartada, pois é ineficaz. As outras estão
em acompanhamento. Esse novo teste durará pelo
menos cinco anos. A vacina deve ser administrada em
voluntários não infectados pelo HIV. Ele
será acom-panhado periodicamente. Quem quiser
ser voluntário, deve procurar o Projeto Praça
Onze. Infelizmente, não tem outro jeito. É
um processo de tentativa e erro. Todas as vacinas foram
descobertas dessa forma. Contra o HIV já foram
testadas mais de 20, mas até encontrarmos a vacina
definitiva vai demorar um pouco.” |
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