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13.07.2004  
   

Parceria entre UFRJ e MST continua

A UFRJ, através da Pró-Reitoria de Extensão e do Centro de Filosofia e Ciências Humanas, em parceria com a Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF) deu início a segunda etapa do Curso de Teorias Sociais e Produção do Conhecimento, que tem a duração de dois anos. Estiveram presentes Eleomar Cezimbra, coordenador do Centro de Formação do MST no Paraná, prof. Marcos França, pró-reitor de Extensão da UFRJ, o prefeito da Universidade, Hélio de Mattos, a vice-decana do CCMN, prof. Josilda Moura, a prof. Suely Almeida, decana do CFCH e, representando o reitor Aloísio Teixeira, o prof. José Meyer, pró-reitor de Graduação.
Participam do curso militantes de grupos sociais como o Movimento dos Sem-Terra (MST), Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Pastoral da Juventude de Pernambuco e Movimento dos Sem-Teto de São Paulo. O objetivo é qualificar os dirigentes desses movimentos e, conseqüentemente, desenvolver a capacidade de elaboração de suas estratégias políticas.
A UFRJ transpõe a barreira existente entre a produção de conhecimento da academia e a atuação dos movimentos sociais através desse curso. Segundo Maria Lídia, coordenadora de Extensão do CFCH, o conteúdo do curso é elaborado a partir da demanda apresentada pelo Setor de Formação Pedagógica do MST, e ao disponibilizar o conhecimento produzido pela academia, a Universidade cumpre seu papel social. A expectativa é que, ao final do curso, os trabalhadores consigam assimilar o conteúdo, refinar a discussão teórica e, então, formular suas estratégias e diretrizes políticas. A professora Selene Maia destaca o avanço conseguido a partir da articulação entre os setores de ensino, pesquisa e extensão da Universidade.
A Coordenação Política Pedagógica do curso é elaborada em conjunto pelos professores Marildo Menegat e Maria Lídia, do CFCH, e do Setor de Formação do MST. A infra-estrutura é de responsabilidade da Pró-Reitoria de Extensão. Os alunos do curso ficarão alojados na Escola de Educação Física e Desportos (EEFD) da UFRJ, espaço cedido pelo diretor Alexandre de Mello. O diretor do setor de Transportes, João Francisco, disponibilizou veículos para a condução de professores e deslocamento dos militantes. O Comando Local de Greve do Sintufrj mantém o prédio do CCMN em funcionamento por entender a importância da parceria entre a UFRJ e a Escola Nacional Florestan Fernandes. Colaboram com o curso, o Núcleo de Computação Eletrônica, o Hospital Universitário, que fornecerá a alimentação dos participantes do curso, a decania do CCMN, onde serão realizadas as aulas, além do Gabinete da Reitoria, a Fundação José Bonifácio e a SG-6, que contribuíram financeiramente com o evento.
O MST possui convênio com mais de 50 universidades em todo o país, através de cursos de graduação, pós-graduação e extensão nas áreas de Pedagogia, Sociologia, História, Agronomia e Engenharia Química. A UFRJ desenvolve o curso na área da Filosofia e pretende “formar militantes e educadores dos movimentos sociais capazes de produzir conhecimento a partir de uma perspectiva dialética. Ou seja, produzir conhecimento desde que vinculado à realidade brasileira”, disse Roberta Lobo, do Setor de Formação do MST e doutoranda em Educação pela Universidade Federal Fluminense.
Para Eleomar Cezimbra, o MST é reconhecido internacionalmente e por isso enfrentará desafios cada vez maiores. O Curso de Teorias Sociais e Produção do Conhecimento é importante pois permite ao movimento ter quadro politicamente preparado para discutir questões estratégicas focalizadas na mudança social. “O capitalismo não é o modelo que defendemos. A globalização tem aumentado a exclusão social, que expõe pessoas à fome e à miséria. Outra conseqüência grave desse sistema é a devastação ambiental. Nós queremos aprofundar esse debate, as teorias de esquerda e outras linhas pensamento, pois precisamos qualificar o nosso quadro, até porque seremos questionados”, observa o coordenador do Centro de Formação do MST. Para Geraldo Gasparin, do MST-RS, o curso permitirá aos militantes “construir o conhecimento a partir da nossa realidade, para responder as demandas da nossa realidade”.
Serão 15 dias de aulas com aproximadamente dez horas de atividades diárias. O prefeito Hélio de Mattos destacou a importância dessa parceria para a Universidade e para o MST, e louvou a iniciativa do movimento em buscar a qualificação de seu quadro com o objetivo de avançar nas conquistas sociais a que se pretende. Atualmente, no Paraná estão assentadas o maior número de famílias do MST, que enfrenta, além de preconceitos, milícias armadas patrocinadas por fazendeiros.

 

 

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