Brasil
conhece quebra cabeça do vírus
O
Brasil já é capaz de montar “o quebra-cabeças”
do principal vírus da Aids (Síndrome da Imunodeficiência
Adquirida) no país, o HIV tipo 1. Pode inclusive, detectar
e especificar com maior precisão as variantes virais ou subtipos
que estão circulando entre os infectados pela doença.
Esta será uma das principais apresentações,
entre 25 experiências e pesquisas, que o Brasil levará
à 15ª Conferência Internacional sobre Aids, na
Tailândia, que começou neste domingo.
A
identificação dos vírus da AIDS no Brasil foi
possível a partir do trabalho de seqüenciamento genético
completo do vírus, desenvolvido em laboratórios da
Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). A experiência
será apresentada na Tailândia pelo infectologista Ricardo
Diaz. A identificação dos vírus é importante
para orientar a escolha de medicamentos e de políticas públicas
no controle epidemiológico e também para auxiliar
na obtenção da vacina antiretroviral, que, no Brasil,
já está em fase de testes, afirma um dos autores do
trabalho, Mário Gianini, professor adjunto do Departamento
de Infectologia e da Disciplina de Doenças Infecciosas e
Parasitórias da Unifesp.
Segundo
Gianini, a visualização detalhada dos genes é
feita por meio do princípio de biologia molecular, denominado
PCR (sigla em inglês Polymerase Chain Reaction que, em português
significa Reação em Cadeia pela Polimerase), uma reação
enzimática. Cópias de fragmentos do vírus são
ampliadas e analisadas em progressões geométricas
que dão margem suficiente de acertos na identificação
da prevalência ou do tipo de infecção constatada
entre os doentes.
No Brasil, a maioria dos doentes está contaminada por subtipos
de retrovírus da variante B. A preocupação
dos pesquisadores, entretanto, é com o aumento de casos de
outros subtipos, como o C, detectados mais ao sul do país,
como observa a bióloga Maria Cecília Araripe Sucupira,
do Laboratório de Retrovirologia da Unifesp.
Maria
Cecília cita dados de um estudo realizado em uma área
de incidência elevada, na cidade de Santos (SP), onde foi
verificado aumento do número de pacientes com presença
no organismo de cepas do vírus resistentes a medicamentos.
Entre os fatores que agravam as condições epidemiológicas,
está o fato de que nem sempre os contaminados tomam os remédios
de forma correta, o que provoca o surgimento de vírus resistentes
aos remédios. O empobrecimento da população
é outra causa do surgimento de novos infectados, com crescimento,
sobretudo, na região Nordeste do país. Além
disso, o Brasil passou a registrar maior número de mulheres
afetadas pelo mal.
Para
o chefe do Serviço de Doenças Infecciosas e Parasitárias
do Hospital Clemente Fraga Filho, da Universidade Federal do Rio
de Janeiro, Luiz Antônio Alves de Lima, a eficácia
do programa governamental brasileiro pode ser vista pelos resultados:
o número esperado de doentes caiu de l, 2 milhão para
660 mil, com um total de 310 mil notificados.
Vacina
As pesquisas no Brasil para obtenção de uma vacina
preventiva contra a Aids estão ainda em fase de testes de
segurança. Os pesquisadores precisam saber se o produto não
causa efeitos adversos. Para isso, vêm sendo selecionados,
desde o início de junho, voluntários saudáveis,
na faixa etária de 18 a 50 anos.
De
acordo com José Valdez Madruga, um dos coordenadores da pesquisa
integrada à rede mundial, os efeitos têm sido apenas
um pouco de dor no local de aplicação e febre baixa.
Madruga considera a vacina a única forma eficaz de controlar
a epidemia mundial, que cresce a um ritmo de 14 mil novos diários.
Mesmo considerando que a obtenção ainda está
em fase embrionária, Valdez Madruga acredita que a vacina
estará disponível nos próximos anos.
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