Olho no Olho

 
23.09.2003  
   

Fortalecimento do G-22 em Cancún

A Conferência da Organização Mundial do Comércio, que deu continuidade à Rodada de Doha para a liberação do comércio mundial terminou num impasse. Os países em desenvolvimento, organizados pelo G-22, grupo liderado pelo Brasil, Índia e China, não aceitaram as propostas de subsídios agrícolas feitas pelos EUA e pela união Européia.
Antônio Celso Pereira, professor de Política Internacional do IFCS e o professor José Carlos Fiori do Instituto de Economia da UFRJ, comentam a importância da ação do G-22, mais especificamente a do Brasil, contra o imperialismo econômico.

 
           
 

Antonio Celso Pereira

“Não são de toda forma surpreen-dentes os aconte-cimentos da 5ª Conferência da OMC. Sabia-se, de antemão, que os EUA e a União Européia rechaçariam, com vigor, qualquer proposta de eliminação dos subsídios que, somente ao Brasil, acarreta um prejuízo de 15 bilhões de dólares anuais. A iniciativa brasileira de formação do G-22 (grupo de países produtores de alimentos) foi um lance diplomático da maior eficiência. Os EUA e a União Européia tentaram, de vários modos, rachar o grupo. O bloco liderado pelo Brasil saiu fortalecido do embate, uma vez que os países ricos não conseguiram avançar em suas pretensões de impor a abertura para temas como serviços financeiros, compras governamentais e desburocratização do comércio. Nosso país só conseguirá arrancar vantagens na guerra comercial com os ricos, se , a exemplo do que fez em Cancún, negociar com firmeza, com conhecimento técnico, com pauta enxuta em defesa dos interesses brasileiros”.

 

José Carlos Fiori

“Não há dúvida de que as principais disputas que se anunciam e se acumulam no horizonte girarão tem torno das divergências econômi-cas das grandes potên-cias e dos demais paí-ses desenvolvidos em oposição aos inte-resses dos países em desenvolvimento. Nesse sentido, as disputas imediatas a serem enfrentadas pelo Brasil têm nome e sobrenome e se chamam FMI, ALCA e Rodada Doha da OMC. São três espaços onde o Brasil define as coordenadas básicas do seu futuro econômico. Além do protecionismo agrícola dos países desen-volvidos, estão em questão os novos te-mas de Cingapura, que envolvem inves-timentos, facilitação de negócios, etc. Uma vez mais, em síntese, a proposta dos países ricos levaria à liberdade dos seus capitais e ao aprisionamento das políticas públicas dos países em desenvolvimento. Em todos os casos, a política interna-cional brasileira está presente, baseada no interesse nacional e na afinidade histórica e territorial com o restante da América do Sul”.

   
           
 

 

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