Fortalecimento
do G-22 em Cancún
A Conferência da Organização Mundial do Comércio,
que deu continuidade à Rodada de Doha para a liberação
do comércio mundial terminou num impasse. Os países
em desenvolvimento, organizados pelo G-22, grupo liderado pelo Brasil,
Índia e China, não aceitaram as propostas de subsídios
agrícolas feitas pelos EUA e pela união Européia.
Antônio Celso Pereira, professor de Política Internacional
do IFCS e o professor José Carlos Fiori do Instituto de Economia
da UFRJ, comentam a importância da ação do G-22,
mais especificamente a do Brasil, contra o imperialismo econômico.
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Antonio
Celso Pereira
“Não são de toda forma surpreen-dentes
os aconte-cimentos da 5ª Conferência da OMC.
Sabia-se, de antemão, que os EUA e a União
Européia rechaçariam, com vigor, qualquer
proposta de eliminação dos subsídios
que, somente ao Brasil, acarreta um prejuízo de 15
bilhões de dólares anuais. A iniciativa brasileira
de formação do G-22 (grupo de países
produtores de alimentos) foi um lance diplomático
da maior eficiência. Os EUA e a União Européia
tentaram, de vários modos, rachar o grupo. O bloco
liderado pelo Brasil saiu fortalecido do embate, uma vez
que os países ricos não conseguiram avançar
em suas pretensões de impor a abertura para temas
como serviços financeiros, compras governamentais
e desburocratização do comércio. Nosso
país só conseguirá arrancar vantagens
na guerra comercial com os ricos, se , a exemplo do que
fez em Cancún, negociar com firmeza, com conhecimento
técnico, com pauta enxuta em defesa dos interesses
brasileiros”.
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José
Carlos Fiori
“Não
há dúvida de que as principais disputas que
se anunciam e se acumulam no horizonte girarão tem
torno das divergências econômi-cas das grandes
potên-cias e dos demais paí-ses desenvolvidos
em oposição aos inte-resses dos países
em desenvolvimento. Nesse sentido, as disputas imediatas a
serem enfrentadas pelo Brasil têm nome e sobrenome e
se chamam FMI, ALCA e Rodada Doha da OMC. São três
espaços onde o Brasil define as coordenadas básicas
do seu futuro econômico. Além do protecionismo
agrícola dos países desen-volvidos, estão
em questão os novos te-mas de Cingapura, que envolvem
inves-timentos, facilitação de negócios,
etc. Uma vez mais, em síntese, a proposta dos países
ricos levaria à liberdade dos seus capitais e ao aprisionamento
das políticas públicas dos países em
desenvolvimento. Em todos os casos, a política interna-cional
brasileira está presente, baseada no interesse nacional
e na afinidade histórica e territorial com o restante
da América do Sul”. |
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