Poluição
no Paraíba compromete abastecimento
Nesta semana o Olhar Virtual discute a poluição do
rio Paraíba do Sul e o risco de a zona metropolitana do Rio
ter seu abastecimento de água suspenso. Os professores Paulo
Canedo, do Laboratório de Hidrologia da Coppe, e Erica Caramaschi,
do Departamento de Ecologia do Instituto de Biologia, expõem
os problemas que existem ao longo do curso do rio e importância
dele e de sua fauna para a população. Nosso debate
esquenta também uma pergunta: quem deve promover a educação
ambiental? O governo, a universidade ou outros grupos?
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Paulo
Canedo
O professor Paulo Canedo explica que o rio Paraíba
do Sul sofre atualmente com dois problemas que podem fazer
com que a zona metropolitana do Rio tenha seu abastecimento
de água cessado. De um lado está a poluição
doméstica e industrial que vem há anos prejudicando
o rio. Existem afluentes poluídos que desembocam
no Paraíba. Do outro, uma seca iniciada em 1996 que
impediu o enchimento dos reservatórios que controlam
o nível de água do rio. Para piorar o problema,
nos meses de agosto, setembro e outubro chove muito pouco
na região. Com o nível baixo, o rio não
consegue diluir o esgoto humano e industrial. Como o rio
Guandu, que abastece o Grande Rio, é um dos braços
do Paraíba do Sul, essa poluição pode
chegar aos 8,5 milhões de habitantes da região.
O professor estima que, se nada for feito, há uma
probabilidade de 70% de o rio morrer. Canedo acrescentou
que tem certeza que haverá graves problemas no Paraíba
entre setembro e outubro. Para que isso não ocorra
será preciso fazer obras emergenciais na bacia do
Paraíba, que estão sendo desenvolvidas pela
UFRJ. O professor também lembrou a importância
de o governo incentivar as Organizações Não-Governamen-tais
a fazerem campanhas de educação ambiental
com a população, alertando sempre para que
se evite o desperdício de água. “É
preciso que as pessoas saibam que a água que gastam
não é apenas a do banho. Por exemplo, cada
frango que comemos neces-sitou de cerca de 1000 litros de
água para ser produzido. Então, devem gastar
apenas o que for para o prazer e o conforto, nunca para
o desperdício”. Canedo acha que a universidade
não deve fazer, ela própria, a educação
ambiental. Segundo professor, ela deve dar ciência
e tecnologia às ONGs, e são as organizações
que devem absorver esse conhecimento e prestar serviços
à sociedade.
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Érica
Caramaschi
Para
a professora Érica Caramaschi, no que diz respeito
à fauna, embora a poluição domés-tica
no Paraíba do Sul seja preju-dicial, pois retira grande
quantidade de oxigênio da água, esse não
é o principal problema do rio. O maior deles é
a poluição oriunda de indústrias e atividades
agrícolas, que altera as características físicas
e químicas da água, tornando-a inviável
para permanência ou sobrevivência dos animais
que vivem nas suas águas. Outro problema da poluição
industrial é que pode ocorrer deposição
de resíduos no sedimento. Estes, como os metais pesados,
podem ser incorporados à base da cadeia alimentar e
se acumular nos níveis mais altos desta cadeia, constituindo
perigo inclusive para os humanos, que consomem peixes e camarões.
Além do problema da po-luição, o rio
Paraíba do Sul sofre forte de-gradação
em função do desmata-mento nas suas margens.
A vegetação de suas encostas garante alimento
e proteção para a fauna aquática. Além
disso, o desmata-mento provoca desbarrancamentos das margens
e, conseqüentemente, assoreamento e alteração
do subs-trato e da turbidez da água. Embora algumas
espécies tenham se tornado raras ainda é possível
recuperar a fauna do rio. Para isso é preciso que medidas
de proteção sejam tomadas. Entre elas estão
a fiscalização dos efluentes industriais e domésticos,
a coibição do lançamento de lixo, o monitoramento
contínuo da qualidade da água, a recuperação
da mata das margens. A educação ambiental teria
um papel fundamental nessa tarefa, seja no preparo de uma
próxima geração mais consciente do valor
da água como recurso natural, seja no papel de fiscalização
local das condições de vida de cada trecho do
rio. A educação ambiental é responsabilidade
de todos os segmentos da comunidade, mas a universidade deve
se envolver de forma integral, com projetos acadêmicos
de ensino à distância, pesquisa e extensão. |
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