Olho no Olho

 
16.12.2003  
   

É de grão em grão...

As universidades públicas sofrem um processo de sucateamento gerado pelo corte cada vez maior de recursos e incentivo da própria União. Ainda sim, o ensino superior público é responsável por grande parte da pesquisa científica nacional. O pro-reitor de Finanças e Patrimônio da UFRJ, Joel Teodósio e o diretor da Faculdade de Medicina, Almir Valadares discutem a política de distribuição de verba dentro da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

 

Almir Fraga Valladares
Diretor da Faculdade de Medicina da UFRJ

“O problema de falta de verbas tem sido resolvido coletivamente aqui no CCS. Ou seja, a infraestrutura das diversas unidades de saúde da UFRJ são utilizadas por todos os alunos e docentes da área. Desse modo, alunos de medicina usufruem das salas do Hospital Univer-sitário e de outras unidades e vice versa. Temos braços da medicina na biologia e na enfer-magem, por exemplo. É desse modo que 442 docentes e quase 1800 alunos conseguem estrutura para con-tinuar o curso, apesar dos poucos recursos que precisam de gerência firme e de prioridades. Temos uma parceria com o HU em que nós prestamos serviços de atendimento hospitalar e eles fornecem material e espaço físico para o desenvolvimento de pesquisas e ensino. Apesar desse ganho, existem outros problemas como a diminuição do nosso quadro de funcionários. Não temos recursos para contratação e alguns cursos como fonoaudiologia e fisioterapia não possuem servidores ou técnicos administrativos. Como verba oficial recebemos 5 mil reais mensais da reitoria para gastos mais imediatos como compra de equipamentos e materiais. A faculdade de medicina não conta apenas com a verba da Universidade, ela tem recursos de projetos, de parcerias e outros programas, mas isso não deve desviar a atenção de que a União tem que custear o ensino nesse país. No caso da medicina, estamos desamparados tanto no que diz respeito à educação e quanto ao apoio à área da saúde.”

Joel Regueira Teodósio
Pro-reitor de Finanças e Patrimônio

Está no programa da reitoria fazer com que o orçamento e a distri-buição de recursos seja parti-cipativa. Isso não se trata apenas de um chavão e a gente tem consciência de que existem algumas unidades com alto potencial de arrecadação de recursos e outras com menor potencial. O que tem sido feito até hoje foi uma divisão totalmente arbitrária sem um critério discutível e institu-cionalizado.
E nós não concordamos, a princípio, na divisão igualitária de verbas, pois não podemos tratar desiguais igualmente. Através de um levantamento, feito em agosto, de todas as neces-sidades mais urgentes da Univer-sidade pudemos elaborar um plano emergencial. Cada fa-culdade, cada instituto, cada decania mandou suas nece-ssidades para o ano de 2003 que também pegam o início de 2004. A princípio, estamos distribuindo esses recursos entre as faculdades. O que pretendemos é que a partir de 2004, cada unidade faça a sua previsão orçamentária, para haver har-monia entre as necessidades existentes, com que cada um dispõe e com cada item do orçamento. Já tivemos uma boa resposta do MEC, que liberou a verba pretendida para o plano de emergência. Paulatinamente as unidades vão se adaptando a como orçar e como gastar, tudo isso é um processo.

 

 

 

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