Ponto de Vista

 
02.12.2003  
   

Você sabe com quem está falando?

Na semana passada, a professora de Educação Física Laura Cristina Cunha pediu que a técnica judiciária Fabiana Sola afastasse seu cão bull terrier, sem coleira nem focinheira, da quadra onde seus alunos praticavam esportes, no parque do Corte do Cantagalo, na Lagoa. Em resposta, foi acusada de desacato à autoridade e levada à prisão.
Casos como esse são freqüentes no Brasil e em vários lugares do mundo, apesar de representantes do poder público se manifestarem contra eles. Veja a opinião do antropólogo Roberto da Matta sobre o assunto.
“Abuso de autoridade é uma usurpação de um papel público. No Brasil, eu estudei e pesquisei o assunto com certo pioneirismo, creio, no meu livro Carnavais, Malandros e Heróis, um ensaio sobre a frase emblemática desse abuso: Você sabe com quem está falando?. Nele, mostrei que quando alguém detém uma posição de autoridade, procura evitar ser localizado como cidadão comum. Assim, diante de uma placa de proibido fumar, um professor ou um general abusam da autoridade dizendo a quem venha reclamar da fumaça do seu cachimbo eu sou um isso ou aquilo...
O abuso do papel para propósitos pessoais, colocado a serviço de uma pessoa, família, ou partido político, tipifica esse ato. Felizmente, hoje todos os brasileiros que se interessam pelo bem-estar social sabem que o modo mais eficaz de combater esse abuso é lembrar que somos uma sociedade baseada na igualdade de todos perante a lei. Com isso, pode-se, não digo acabar com o abuso, mas coibi-lo e, mais ainda, chamar atenção para esse modo de extrapolar indevidamente os direitos, em proveito próprio ou de uma posição social”.

 

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