Você sabe com quem está falando?
Na
semana passada, a professora de Educação Física
Laura Cristina Cunha pediu que a técnica judiciária
Fabiana Sola afastasse seu cão bull terrier, sem coleira
nem focinheira, da quadra onde seus alunos praticavam esportes,
no parque do Corte do Cantagalo, na Lagoa. Em resposta, foi acusada
de desacato à autoridade e levada à prisão.
Casos como esse são freqüentes no Brasil e em vários
lugares do mundo, apesar de representantes do poder público
se manifestarem contra eles. Veja a opinião do antropólogo
Roberto da Matta sobre o assunto.
“Abuso de autoridade é uma usurpação
de um papel público. No Brasil, eu estudei e pesquisei o
assunto com certo pioneirismo, creio, no meu livro Carnavais, Malandros
e Heróis, um ensaio sobre a frase emblemática desse
abuso: Você sabe com quem está falando?. Nele, mostrei
que quando alguém detém uma posição
de autoridade, procura evitar ser localizado como cidadão
comum. Assim, diante de uma placa de proibido fumar, um professor
ou um general abusam da autoridade dizendo a quem venha reclamar
da fumaça do seu cachimbo eu sou um isso ou aquilo...
O abuso do papel para propósitos pessoais, colocado a serviço
de uma pessoa, família, ou partido político, tipifica
esse ato. Felizmente, hoje todos os brasileiros que se interessam
pelo bem-estar social sabem que o modo mais eficaz de combater esse
abuso é lembrar que somos uma sociedade baseada na igualdade
de todos perante a lei. Com isso, pode-se, não digo acabar
com o abuso, mas coibi-lo e, mais ainda, chamar atenção
para esse modo de extrapolar indevidamente os direitos, em proveito
próprio ou de uma posição social”.
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