Cota
para negros vem do Império
Dom João VI criou vaga para o escravo João Evangelista
estudar Medicina
Da
senzala à universidade, com aval de Sua Alteza Real. Quem
poderia imaginar que a polêmica reserva de vagas para negros
já reinava entre os feitos de Dom João VI? Foi dele,
há quase dois séculos, a primeira autorização
de matrícula por cotas na História do Brasil. O favorecido
foi o escravo João Evangelista. Em 12 de março de
1815, ele entrou para o 3º ano dos Estudos Médicos Cirúrgicos
da então Academia de Medicina e Cirurgia, hoje a Faculdade
de Medicina da UFRJ. A prova histórica foi garimpada no acervo
da Biblioteca do Centro de Ciências da Saúde pelo professor
Sebastião Amoêdo de Barros, da Escola de Comunicação
da UFRJ. O sistema de cotas foi implementado no último vestibular
das Universidades do Estado do Rio (Uerj) e Norte-Fluminense (Uenf).
Na UFRJ, o debate sobre o assunto está entre as prioridades
do reitor Aloísio Teixeira. “Essa descoberta cai como
uma luva nesse momento em que tanto se discute a reserva de vagas”,
destaca Barros. A novidade foi apresentada pelo professor no encontro
Resgate da Identidade Brasileira, quarta-feira, em Teresópolis.
“Temos que atrair negros e todas as minorias desprovidas de
recursos financeiros para as universidades”, observou o professor.
O paradeiro de João Evangelista se perdeu nas páginas
da História. A falta de sobrenome dificultou as buscas sobre
o destino do escravo que virou médico. No livro de registros
do Centro de Ciências da Saúde, há dois outros
estudantes com o mesmo nome do escravo.
Fabrício
Marta
O Dia - Geral
Publicado em 05 de agosto, terça-feira.
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