Ponto de Vista
05.10.2004
UFRJ é medalha de ouro
Carlos Eduardo Cayres

A Universidade Federal do Rio de Janeiro conquistou, nas últimas semanas, mais um lugar de destaque. Só que desta vez, os acadêmicos renomados e as pesquisas científicas cederam lugar ao estagiário do NCE/UFRJ e estudante do curso da Cisco-CCNA, Sandro Laina Soares, medalhista de ouro nas Paraolimpíadas de Atenas, no futebol categoria Deficientes Visuais. A Assessoria de Imprensa da Universidade esteve conversando com Sandro, que, entre outras coisas, afirmou está felicíssimo com o prêmio.

1- Qual a sensação de receber um título como esse?
A emoção de ter ganhado um título como esse foi muito grande, afinal de contas, o primeiro é sempre o primeiro. Para alcançar essa premiação, treinei quase o ano inteiro, chegando a deixar um pouco de lado o meu trabalho no NCE, que, mesmo assim, deu todo o apoio nas viagens e treinos. Dediquei-me de corpo e alma para alcançar a vitória e graças a Deus pude ver todo o meu esforço e da equipe reconhecidos em Atenas.

2- Quando você decidiu jogar futebol?
Apesar de todo esse assédio, não me considero um jogador de futebol. Eu sou o tipo do cara que curte jogar uma “bolinha” nas horas vagas. Na realidade, sou um profissional da informática que joga futebol.
Sempre sonhei fazer parte de uma olimpíada. Quando fiquei cego, me senti muito frustrado, porque toda vez que assistia a abertura dos jogos olímpicos me imaginava ali representando o meu país. Então, já que não podia participar das olimpíadas, me restavam as paraolimpíadas. Para os deficientes, estar dentro dos jogos paraolímpicos é a mesma coisa que estar no olímpico. Um é tão importante quanto o outro.

3- Para você, o que é mais importante: o futebol ou o trabalho de analista?
Hoje a análise de sistemas é a minha prioridade. Até setembro, toda a minha atenção estava direcionada para os jogos, tanto que cheguei a fraquejar nos meus estudos só para conquistar esse título. Agora estou retomando o meu trabalho de analista, porque, infelizmente, no Brasil, o deficiente físico não tem condições de viver do esporte.

4- Como você avalia a política de inclusão para deficientes físicos na UFRJ?
Faço estágio no Núcleo de Computação Eletrônica (NCE), no setor responsável pelo desenvolvimento de softwares para deficientes visuais. Além disso, sou aluno do curso da Cisco-CCNA. Gosto muito de fazer parte da Universidade. Não tenho o que reclamar. O suporte que ela dá aos deficientes físico ou visual, é excepcional.

5- Quais são os seus planos para o futuro?
Pretendo daqui para frente concluir minha faculdade, futuramente me preparar para um mestrado e, se possível, conseguir passar em um concurso público na minha área. Na vida esportiva quero continuar jogando uma bolinha pela seleção, ganhando vários prêmios como a gente tem feito por aí.
O ala esquerda da Seleção Brasileira de Futebol é um navegador apaixonado da Internet e a cada dia que passa, acumula mais títulos. Em 2001, dez anos após ter iniciado a carreira, consagrou-se como melhor zagueiro da Copa América, realizada em Paulínia-SP. Agora conquistou um título olímpico. Isso deixa claro que, em ambas as carreiras, Sandro é um sucesso.


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