Ponto de Vista
21.09.2004
Daiane: o impulso da Ginástica Artística no Brasil
Luciana Ramos

Mário Tomaz, vice-diretor da Faculdade de Educação Física da UFRJ e especialista em Ginástica Artística, fala da importância da ginasta Daiane dos Santos nas Olimpíadas de Atenas e de como essa modalidade esportiva pode crescer no Brasil.

“Infelizmente no nosso país a mídia só dá destaque para outros esportes, que não seja o futebol, um mês antes e depois das Olimpíadas. Nenhuma promessa é feita e cumprida. A ginástica artística ganhou um grande impulso graças ao trabalho da presidente da Confederação Brasileira, professora Dicélia Ângelo Florenço, que conseguiu o apoio para a construção de um centro de treinamento em Curitiba. Trouxeram também o técnico ucraniano Oleg Ostapenko para ajudar no desempenho das meninas. O mesmo não foi feito com os meninos, que também estão com um bom aproveitamento. Hoje temos um grupo de ginasta de elite, mas ele ainda é muito pequeno, no total de mais ou menos dez meninas que representam todo um país”.
A Daiane, por exemplo, foi descoberta por uma professora de ginástica, brincando em uma praça. Se isso não tivesse acontecido, provavelmente seria um potencial desperdiçado, e é isso que provavelmente acontece com outras crianças. Deveriam ter outros pólos de referência, não apenas em Curitiba. Uma outra forma seria a das escolas terem um material alternativo nas aulas de educação física, através de parcerias com o Governo. Não seria necessário utilizar os aparelhos de competição, que são mais caros, mas poderíamos ter uma estrutura básica, que permitisse o crescimento do esporte entre as crianças. A partir daí, poderíamos ter novos talentos, novas ‘Daianes’ e ‘Danieles’, além de gerar mais empregos para os profissionais de educação física.
A ginasta de Porto Alegre contribuiu para esta modalidade em dois importantes pontos: primeiro porque quebrou o mito de que a ginasta tem que começar cedo e segundo, porque ela conseguiu fazer com que o país inteiro parasse para assistir e torcer por um esporte tão pouco divulgado. Ela só não ganhou medalha por infelicidade do dia, mas nem por isso deixou de ser uma das melhores do mundo. Nós temos mais é que aplaudi-la.”