|
|
avaliação
que se fez da Escola de Serviço Social (ESS/UFRJ), uma das mais
conceituadas do país, levando-se em conta o boicote que os alunos
fizeram, zerando suas provas e conseguindo uma nota 3, numa escala de
0 a 5. Sobre o assunto, o Boletim Olhar Virtual foi ouvir
a opinião da Diretora da ESS/UFRJ, Rosana Morgado e do Centro Acadêmico
(CASS-UFRJ)
|
|
|
|
|
Rosana
Morgado
Diretora da Escola de Serviço Social da UFRJ
"A divulgação, através da grande
imprensa e em inícios de maio corrente, de resultados do
ENADE-2004 despertou manifestações de entidades
corporativas e acadêmicas da área de Serviço
Social em todo o país, como o Conselho Federal de Serviço
Social (CFESS) e a Associação Brasileira de Ensino
e Pesquisa em Serviço Social (ABEPSS), provocadas pela
forma irresponsável com que dados parciais de uma avaliação
mais complexa e ainda em curso do Sistema Nacional de Avaliação
do Ensino Superior (SINAES) foram publicitados, derivando em notas
que distorceram levianamente as suas realidades. No caso específico
de Serviço Social, essa distorção levou à
“avaliações” patéticas, desde
uma infundada desqualificação da área a juízos
singulares de cursos e instituições que beiram o
absurdo. Ademais, a referida divulgação escamoteou
o fato de que, em algumas áreas, o movimento estudantil
jogou o peso de sua influência no sentido de “zerar”
as provas – fato que por si só, afetou significativamente
os resultados aferidos.
No período que antecedeu a realização do
ENADE-2004, o Conselho Diretor da Escola de Serviço Social
da UFRJ explicitou para os seus alunos sua posição
institucional: sem entrar no mérito do ENADE, esclareceu
a necessidade legal dos estudantes (ingressantes e concluintes).
Mas assegurou, ao mesmo tempo, ao movimento estudantil a liberdade
para externar, autonomamente, sua proposta.
A análise dos dados oferecidos pelo “Relatório
do Curso ENADE-2004” mostra que, do total de alunos da Escola
de Serviço Social da UFRJ que deveriam prestar o exame
– 157 alunos: 88 concluintes e 69 ingressantes – 112
compareceram à prova – 64 concluintes e 48 ingressantes.
O mesmo relatório revela que a “nota” obtida
pelo curso – 3, numa escala de 0 a 5 – está
acima da média regional e nacional. Sem prejuízo
de uma análise minuciosa deste relatório, é
necessário afirmar que essa nota nem de longe exprime a
realidade de nossa Escola. Trata-se de uma unidade acadêmica
com um dos corpos docentes mais titulados – senão
o mais – do país na área, com uma produtividade
em pesquisa inequivocamente atestada pela sua relação
com agências de fomento (Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnólogico/CNPq, Coordenação
de Aperfeiçoamento de Pessoal do Ensino Superior/CAPES,
Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à
Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro/FAPERJ) e com projeção
para além das fronteiras nacionais (expressa nas publicações
internacionais de docentes e em sua participação
em eventos acadêmicos na América Latina e na Europa).
Mecanismos institucionais de avaliação de cursos
e Universidades são necessários e o ENADE, no marco
do SINAES, representou um avanço em relação
ao anterior “provão”; mas tais mecanismos,
quando não forem produtos de debate amplo e democrático
entre os constituintes da comunidade acadêmica, antes configurando
formas impositivas, podem conduzir a graves equívocos,
como aconteceu com a Escola de Serviço Social da UFRJ."
|
|
|
Centro
Acadêmico da Escola de Serviço Social da UFRJ (CASS-UFRJ)
"Nós, estudantes de Serviço Social da UFRJ,
decidimos, conscientemente, boicotar o ENADE por diversas razões.
Dentre elas, a mais relevante é o fato de o ENADE estar
atrelado à contra-reforma universitária do governo
Lula.
Apesar de muitos afirmarem que esta contra-reforma universitária
está expressa apenas no anteprojeto, nosso entendimento
é o de que ela vem sendo implementada desde 2004, tendo
como marco a aprovação de medidas como o PROUNI
(Programa Universidade Para Todos), lei de Inovação
Tecnológica e o SINAES (Sistema Nacional de Avaliação
da Educação Superior), o qual inclui o ENADE como
parte dessa “avaliação geral”. O ENADE
mantém os mesmos critérios de avaliação
do antigo PROVÃO, como o ranqueamento das instituições
de ensino público superior, gerando uma competição
mercantilista e, portanto, não salutar entre as universidades.
O ENADE, não tem compromisso algum com a boa qualidade
do ensino, pois vincula a nota nele recebida ao maior ou menor
volume de dinheiro a ser repassado pelo governo federal.
É importante pontuarmos, inclusive, que este boicote faz
parte de uma deliberação nacional do movimento estudantil
em Serviço Social que decidiu, em seu último encontro
nacional, se posicionar contrariamente a essa proposta de reforma
do governo federal.
Concordamos que a Universidade Pública pode, deve e tem
que ser avaliada, até porque ela é financiada com
a verba pública, com o dinheiro do povo brasileiro. Porém,
não acreditamos e não podemos aceitar e concordar
com uma avaliação de caráter punitivo. Ainda
mais se esta punição tem como objetivo, a transferência
da verba pública, dinheiro do povo para o setor privado.
O que é impossível de aceitar é que esta
mercantilização do ensino público continue
transformando a EDUCAÇÃO em mercadoria, num desrespeito
flagrante e explícito à EDUCAÇÃO como
DIREITO do cidadão e RESPONSABILIDADE do Estado, como prescreve
a Constituição Federal.
Quando pensamos nosso projeto de formação profissional
como Assistentes Sociais, nós investimos e acreditamos
de forma intransigente no tripé; ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO,
com QUALIDADE, oferecidos pela Universidade Pública brasileira.
Não queremos e deixaremos que nossa universidade se transforme
em um “escolão”.
Por isso lutamos por uma UNIVERSIDADE PÚBLICA, GRATUITA,
LAICA E DE QUALIDADE! NÓS ESTAMOS NA LUTA EM FAVOR DESTA
UNIVERSIDADE!"
|
|
|
|
|