De Olho na Mídia | ||||||
17.05.2005 | ||||||
Casa
popular turbinada |
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Mostrar que casas para a população de baixa renda podem ter um projeto arquitetônico com bossa, que custe 30% a menos do que um imóvel de alvenaria comum e seja construído em um terço do tempo. Esse era o desafio. Mas o melhor foi a conclusão: projeto barato não precisa ter carimbo de renda, ou seja, pode ser direcionado a quem tem dinheiro no bolso, mas não quer desperdiçá-lo. Esse é o resultado de parceria entre a Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) e a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que promoveram um concurso, para estudantes, tendo como foco alvenaria estrutural (sem vigas ou pilares): a Casa 1.0, que devia ter graça e não podia custar acima de R$ 14 mil. O prêmio é ver a casa construída, o que, aliás, acaba de acontecer. Da casa de classe média para a popular O imóvel, de 45 metros quadrados, foi erguido no campus da UFRJ, na Ilha do Fundão. E a iniciativa da ABCP começa a ser copiada no Nordeste e em Minas Gerais. — Começamos em 2002 a desenvolver um projeto da Casa 1.0 em alvenaria estrutural. Mas achávamos que não bastava ser barata e de boa qualidade. Ela precisava ter charme, queríamos fugir das casas vagões. Queremos mostrar que a Casa 1.0, assim como o carro, pode ser turbinada — diz Guilherme Andrade, representante regional da ABCP no Rio. Entre as qualidades do projeto vencedor, destacam os especialistas, está a volumetria e o fato de as áreas íntima e social estarem separadas. — Não limitamos a criatividade por conta do valor ou tamanho do projeto. Buscamos soluções de classe média para a casa popular, como é o caso da cozinha americana, que reduz custos e ainda dá amplitude — frisa Leandro Knopp, um dos autores do projeto vencedor, feito em parceria com Evelinne Villaça Varela da Silva e Maria Laura Esmiralha. No futuro, kits serão vendidos em lojas O fato é que a execução do projeto provou, para estudantes e professores da FAU, que a técnica de construção de alvenaria estrutural é versátil e se aplica a qualquer projeto. — Vamos incluir esta disciplina no currículo — conta Osvaldo Silva, que é professor da faculdade e coordenador do concurso. — É uma forma de construir, onde a perda tende a ser zero. Tudo é pensado em módulo. A idéia é que, no futuro, os kits de ampliação possam ser vendidos em lojas do setor — acrescenta Eduardo D’Ávila, gerente regional da ABCP. A Casa FAU 1.0 aliás, acrescenta Silva, se transformará numa espécie de laboratório dos alunos da pós-graduação da FAU: —
Serão feitos teste de acústica, com o uso de forrações
diferentes no telhado, captação de água pluvial e,
estamos tentando, energia solar. Alvenaria estrutural: A alvenaria estrutural é um processo construtivo em que não há construção de vigas nem pilares: as paredes dão sustentação à construção. No caso da Casa 1.0, da ABCP, ainda há mais um detalhe: o projeto é modular. Ou seja, tudo é previsto antes da construção de forma que os blocos não precisem ser cortados. Fios e tubos: Uma das vantagens do sistema é que a tubulação e a fiação passam por dentro dos blocos de concreto, o que representa uma economia de tempo e redução de desperdício. Aliás, o desperdício neste tipo de obra tende a zero. Revestimento: As paredes da Casa 1.0 dispensam revestimentos. Externamente, basta uma pintura acrílica para garantir a impermeabilidade. Por dentro, em caso de aplicação de azulejos, por exemplo, não é preciso preparar a parede: ela está alinhada. Custo e tempo: A Casa 1.0 custa de R$ 10 mil a R$ 14 mil. E fica pronta em cerca de 45 dias. Segundo os técnicos, isso representa uma economia de cerca de 30% em recursos e tempo de construção. Objeto
de pesquisa: A casa vai servir de base para várias pesquisas
dos estudantes de pós-graduação da faculdade de arquitetura
da UFRJ, nas áreas de acústica, conforto térmico,
energia solar e captação de água pluvial |
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