Olho no Olho
10.05.2005
Certo ou errado? O professor é quem sabe          
Carlos Eduardo Cayres

Quem nunca foi discutir com o professor de literatura sobre a questão da prova em que ele tirou dois décimos só porque você, mesmo estando correto, não respondeu o pedido? Ou com aquele de matemática, que acabou lhe descontando ponto pelo simples fato de não ter usado a fórmula convencional? Os critérios de avaliação no ensino são aplicados de diversas formas, que, por muitas vezes, são vistas pelos alunos como uma espécie de punição injusta. Visando discutir esse assunto, o Olhar Virtual convidou a professora Iris Rodrigues de Oliveira, da Faculdade de Educação, e o professor Theophilo Ottoni, da Escola Politécnica.

 
     

Íris Rodrigues de Oliveira
Profesora da Faculdade de Educação

"Avaliar, em qualquer momento do processo ensino-aprendizagem, pressupõe adotar métodos e aplicar instrumentos que, não apenas, confiram notas aos alunos e informem às famílias sobre seu desenvolvimento escolar, mas, que também, gerem mudanças nas atividades didático-pedagógicas em andamento, reforçando o caráter prospectivo da avaliação, considerando sempre o que deve ser feito após e não apenas o que já foi feito.
Para tanto a avaliação não é um momento isolado do processo de ensino aprendizagem. Ela inicia-se no momento em que o professor formula seu objetivo de ensino, considerando o caráter da turma, a compatibilidade do que se quer ensinar com o que vai ser aprendido e o contexto educacional em que se está inserido. Ora diante de um conteúdo trabalhado, podemos aplicar tipos de avaliação diferenciadas. Por exemplo: A chamada Prova objetiva, quando interessa à continuidade do processo, que o aluno conheça as formulações dos pensadores, cientistas, artistas, etc. ; ou a chamada Prova Subjetiva, quando, sabendo que o aluno já conhece a obra, têm-se como objetivo faze-lo produzir, elaborar, resignificar o que já foi trabalhado.
O que deveria ser questionado não é a aplicação pura e simples de rótulos às provas, testes e trabalhos escolares, mas o desempenho de professores, alunos, dirigentes e instituições quanto à avaliação. Exigir uma “prova única” com questões direcionadas a todos os alunos de uma instituição, não é uma boa política. Assim como, proceder à correção de provas aplicando um gabarito a todos os alunos de um segmento escolar, série ou turma, não é um procedimento condizente com a formação que se deseja ; como também responder de maneira uniforme às questões propostas não sinaliza ao professor o estágio em que o aprendiz se encontra.
Em termos de avaliação escolar quando se unifica se perde a autoridade e se institui o autoritarismo.
"

 

Theóphilo Ottoni
Professor da Escola Politécnica

"Adoto e sou favorável que a avaliação de disciplinas seja preferencialmente realizada por exames escritos e/ou orais, discursivos ou com exposição plena dos cálculos, contanto que a nota atribuída pelo professor não leve em conta o critério dual e simplista do certo versus errado por questão. Isso permite:
- Uma segura avaliação do grau de assimilação do conhecimento do aluno, contanto que as questões versem adequadamente, com equilíbrio, sobre os tópicos abordados, com o nível de profundidade e detalhamento discutido em sala de aula. O professor deve assim evitar questões com teor de dificuldade fora (acima ou abaixo) do padrão perceptivo médio que ele espera dos alunos ou em assuntos muito superficialmente abordados. Dando segurança e qualidade à sua avaliação, o professor deve julgar o aluno pontuando equilibradamente o certo e o errado ao longo das respostas.
- No que diz respeito ao aluno, como ele sabe que vai ser cobrado e principalmente avaliado pela sua performance em suas respostas discursivas ou expondo seus cálculos, ele é levado por este critério de avaliação a se dedicar ao aprendizado.
Desta forma, acho que o critério acima exposto é justo e indutor do aprendizado."

     
         
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