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Quem nunca foi discutir com o professor de literatura sobre a questão
da prova em que ele tirou dois décimos só porque você,
mesmo estando correto, não respondeu o pedido? Ou com aquele de
matemática, que acabou lhe descontando ponto pelo simples fato
de não ter usado a fórmula convencional? Os critérios
de avaliação no ensino são aplicados de diversas
formas, que, por muitas vezes, são vistas pelos alunos como uma
espécie de punição injusta. Visando discutir esse
assunto, o Olhar Virtual convidou a professora Iris Rodrigues de Oliveira,
da Faculdade de Educação, e o professor Theophilo Ottoni,
da Escola Politécnica. |
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Íris
Rodrigues de Oliveira
Profesora da Faculdade de Educação
"Avaliar, em qualquer momento do processo
ensino-aprendizagem, pressupõe adotar métodos e
aplicar instrumentos que, não apenas, confiram notas aos
alunos e informem às famílias sobre seu desenvolvimento
escolar, mas, que também, gerem mudanças nas atividades
didático-pedagógicas em andamento, reforçando
o caráter prospectivo da avaliação, considerando
sempre o que deve ser feito após e não apenas o
que já foi feito.
Para tanto a avaliação não é um momento
isolado do processo de ensino aprendizagem. Ela inicia-se no momento
em que o professor formula seu objetivo de ensino, considerando
o caráter da turma, a compatibilidade do que se quer ensinar
com o que vai ser aprendido e o contexto educacional em que se
está inserido. Ora diante de um conteúdo trabalhado,
podemos aplicar tipos de avaliação diferenciadas.
Por exemplo: A chamada Prova objetiva, quando interessa à
continuidade do processo, que o aluno conheça as formulações
dos pensadores, cientistas, artistas, etc. ; ou a chamada Prova
Subjetiva, quando, sabendo que o aluno já conhece a obra,
têm-se como objetivo faze-lo produzir, elaborar, resignificar
o que já foi trabalhado.
O que deveria ser questionado não é a aplicação
pura e simples de rótulos às provas, testes e trabalhos
escolares, mas o desempenho de professores, alunos, dirigentes
e instituições quanto à avaliação.
Exigir uma “prova única” com questões
direcionadas a todos os alunos de uma instituição,
não é uma boa política. Assim como, proceder
à correção de provas aplicando um gabarito
a todos os alunos de um segmento escolar, série ou turma,
não é um procedimento condizente com a formação
que se deseja ; como também responder de maneira uniforme
às questões propostas não sinaliza ao professor
o estágio em que o aprendiz se encontra.
Em termos de avaliação escolar quando se unifica
se perde a autoridade e se institui o autoritarismo."
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Theóphilo
Ottoni
Professor da Escola Politécnica
"Adoto
e sou favorável que a avaliação de disciplinas
seja preferencialmente realizada por exames escritos e/ou orais,
discursivos ou com exposição plena dos cálculos,
contanto que a nota atribuída pelo professor não
leve em conta o critério dual e simplista do certo versus
errado por questão. Isso permite:
- Uma segura avaliação do grau de assimilação
do conhecimento do aluno, contanto que as questões versem
adequadamente, com equilíbrio, sobre os tópicos
abordados, com o nível de profundidade e detalhamento discutido
em sala de aula. O professor deve assim evitar questões
com teor de dificuldade fora (acima ou abaixo) do padrão
perceptivo médio que ele espera dos alunos ou em assuntos
muito superficialmente abordados. Dando segurança e qualidade
à sua avaliação, o professor deve julgar
o aluno pontuando equilibradamente o certo e o errado ao longo
das respostas.
- No que diz respeito ao aluno, como ele sabe que vai ser cobrado
e principalmente avaliado pela sua performance em suas respostas
discursivas ou expondo seus cálculos, ele é levado
por este critério de avaliação a se dedicar
ao aprendizado.
Desta forma, acho que o critério acima exposto é
justo e indutor do aprendizado."
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