Olho no Olho

 
29.07.2003  
   

É greve ou não é ?

Está em todos os jornais: os servidores federais estão em greve contra a Reforma da Previdência e a UFRJ aderiu à paralisação. No entanto, percebe-se que não há consenso sobre esse assunto na comunidade acadêmica. Embora existam entidades representativas ligadas à universidade que defendem com unhas e dentes essa manifestação, muitos funcionários e professores não acreditam na eficácia dessa forma de demonstração de seu descontentamento.

 
       
Cleusa Santos

“A greve é vontade política da maioria dos servidores públicos”, afirma a presidente da Associação dos Docentes da UFRJ (Adufrj), Cleusa Santos. A professora da Escola de Serviço Social acredita que a paralisação dos servidores deve ser mantida, porque é preciso evitar o desmonte do Estado. “A PEC 40 vai interferir na instituição pública, pois precipitará muitas aposentadorias”, enfatizou. Perguntada se a greve traz efeito negativo para Universidade, Cleusa Santos ressaltou que a população tem conhecimento de que os serviços públicos atravessam um período difícil, sendo a greve um importante instrumento para mudança desse quadro, e não apenas fruto de interesses corporativos. Por fim, a presidente da Adufrj afirmou que a greve é direito de todos os trabalhadores. “Ela é o único e o último recurso dos servidores para que eles possam valer seus direitos”, completou.

 

José Henrique Moreira

“Não acho que a greve possa trazer nada de positivo para a Universidade.” Essa é a opinião do diretor adjunto de graduação da Escola de Comunicação (ECO), José Henrique Moreira, defensor da idéia de que esse tipo de manifestação só pode destruir a imagem da UFRJ. O professor se baseia em sua experiência acadêmica para não acreditar num efeito positivo da paralisação: “Já vivi umas dez greves, e sempre o saldo foi negativo”.
Zé Henrique, como é chamado nos corredores da ECO, não admite sequer que a UFRJ se encontra com as atividades suspensas. Quando perguntado se seria melhor manter a paralisação ou acabar com ela assim que possível, ele fez questão de deixar claro que “a greve não começou, o que há são as férias”. E ressaltou: “Vai voltar tudo direitinho a partir do dia 11 de agosto”