Ponto de Vista
14.12.2004
A Crise dos Planos de Saúde e o SUS
João Pedro Werneck

O boletim Olhar Virtual procurou a profª Drª Ligia Bahia, do Núcleo de Estudos em Saúde Coletiva da Faculdade de Medicina da UFRJ para saber sobre a importância do Sistema Único de Saúde diante da crise dos planos de saúde privado.

Quando nos referimos à crise dos planos de saúde, estamos falando da recente greve dos médicos, do descredenciamento de hospitais e laboratórios, da elevação dos valores dos prêmios. As conseqüências da crise são perceptíveis imediatamente, seja porque “os bons hospitais e laboratórios não constam mais da lista”, ou em razão da “exorbitância dos preços das mensalidades”. Essas mudanças nos remetem ao SUS, suas filas, serviços sujos, mal equipados e seus profissionais insatisfeitos e mal remunerados. O que aconteceria se os atuais segmentos populacionais cobertos pelos planos privados “caíssem” no SUS?
A resposta mais freqüente a essa pergunta é uma outra questão, formulada em tom de ameaça. Se a rede de serviços públicos não consegue atender nem a atual demanda, como é que o SUS conseguiria absorver o contingente vinculado aos planos de saúde? Concebido apenas como uma rede de serviços públicos para atender quem não tem plano, o SUS se tornaria ainda pior. O corolário dessa equação: a “economia” que o SUS realiza por não atender os clientes de planos de saúde, justifica a preservação e ampliação de políticas de isenção tributária às empresas de planos e serviços privados que integram suas redes. Mas, o mesmo problema examinado sob um enfoque mais amplo repõe na pauta o SUS em sua acepção original de universalização do direito à saúde e evidencia a ineficácia das soluções de “guetização”. Os indicadores de saúde situam-se muito aquém de vários países com desempenho econômico inferior ao do Brasil.

   

 

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