Ponto de Vista
07.12.2004
Alterações Climáticas previstas para o verão
Rafael Vargas

As causas podem ser variadas, mas as pessoas já começam a perceber que as condições climáticas em todo o mundo estão se alterando. No último inverno, a cidade do Rio de Janeiro teve semanas com clima de verão e vivenciou dias frios na primavera. E agora o que esperar para o próximo verão?
Estudos sobre a situação climática brasileira no último século, apresentados pela organização não governamental World Wild Foundation (WWF), mostram aumento de aproximadamente 0,5 °C na temperatura e que os três anos mais quentes ocorreram na década de 90. Este aquecimento se deu em todas as estações do ano, sendo com maior intensidade no período de junho a agosto. Os registros de precipitação existentes desde o início do século indicam aumento de cerca de 4% no volume das chuvas e grande parte deste crescimento tem ocorrido entre março e maio, o chamado período chuvoso.
O profissional da área de meteorologia pesquisa as condições atmosféricas e estuda dados relativos a vento, chuva, insolação, temperatura e umidade do ar para prever o tempo nas diferentes regiões do planeta. Os institutos de meteorologia têm grande importância na redução dos males da poluição e do efeito estufa, na medida em que mostram cientificamente como o clima está mudando e como deverá se comportar no futuro. Esses dados são essenciais para as ações a nível mundial em órgãos como a ONU, a fim de propor às nações medidas que venham a reduzir o volume dos gases do efeito estufa em nosso planeta.
O Olhar Virtual conversou com o coordenador da pós-graduação do Departamento de Meteorologia da UFRJ, com Isimar de Azevedo Santos. Para ele o Departamento de Meteorologia vem se empenhando para apresentar pesquisas e estudos observacionais que resultem na melhoria da qualidade do ar no Rio de Janeiro e nas cidades vizinhas.
Segundo Isimar,”O desmatamento das florestas provoca pelo menos duas alterações na superfície que afetam o clima. Uma é o aumento do albedo que reflete a luz solar – sendo a luz do sol a nossa única fonte de energia para os processos climáticos, nas regiões desmatadas esta fonte de energia benéfica não é tão bem aproveitada como nas florestas. A outra alteração é que as plantas têm o importante papel de transformar a luz solar em massa vegetal e assim liberam oxigênio para o ar. Qualquer redução de área vegetada representa menor quantidade de dióxido de carbono transformado em oxigênio, oxigênio este essencial para a vida animal, inclusive do homem, no planeta”.
Isimar defende ações preventivas para reduzir as agressões do meio ambiente. Ele lembra que o protocolo de Kioto prescreve cotas de redução da atividade industrial e da frota de veículos em cada país que o . A aceitação deste protocolo seria desejável por parte de todas as nações para diminuir a emissão de gases poluentes à atmosfera. “Como qualquer cidade moderna, o Rio de Janeiro já sofre com a chuva ácida, mas a tendência será sempre crescente, principalmente se não procurarmos controlar as emissões das fábricas, das refinarias de petróleo e dos veículos. Estas ações locais são essenciais na redução da chuva ácida e seus efeitos sobre a vegetação e na corrosão de monumentos e construções” afirmou o professor Isimar de Azevedo.
O derretimento das calotas polares é outra preocupante conseqüência no aumento da temperatura no mundo, e sendo o Rio de Janeiro uma cidade litorânea ela sofrerá muito com o aumento da altura da água do mar, que é o efeito mais imediato do derretimento do gelo polar. A cidade deve se preparar, pois este processo de elevação do nível do mar é inevitável nas próximas décadas. O professor Isimar de Azevedo observou o fato das populações mais pobres serem as mais afetadas, devendo, portanto, ser desenvolvidas políticas públicas que evitem os prejuízos da elevação das águas, no mar aberto e nas baías, não afete quem mais está despreparado.
O Departamento de Meteorologia da UFRJ ainda não faz medições climáticas, mas está preparado para ajudar a população com três serviços importantes: a previsão do tempo para todo o estado do Rio de Janeiro com até 7 dias de antecedência, a previsão das ondas e ressacas em nosso litoral e informar os índices de radiação ultravioleta que oferecem risco às pessoas que tomam sol diretamente.
Segundo Isimar de Azevedo não são esperadas mudanças bruscas no comportamento do verão deste ano no Rio de Janeiro, pois os controles climáticos de escala planetária, como o El Niño, por exemplo, não estão apontando para condições extremas de chuvas. “O verão deverá ser bastante chuvoso como é comum em nossa região, mas dentro da normalidade. A cidade deve esperar as tempestades vespertinas sempre que o dia for quente, além de temporais associados à chegada das frentes frias que tem uma freqüência entre 4 e 7 dias. O uso de protetor solar é muito importante, pois a América do Sul é bastante afetada pelo buraco de ozônio, fazendo a radiação solar afetar muito a nossa pele. A ingestão de bastante líquido e alimentos leves é recomendada para uma boa saúde das pessoas, especialmente das crianças e dos idosos”, concluiu o professor.

   

 

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