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As
causas podem ser variadas, mas as pessoas já começam a perceber
que as condições climáticas em todo o mundo estão
se alterando. No último inverno, a cidade do Rio de Janeiro teve
semanas com clima de verão e vivenciou dias frios na primavera.
E agora o que esperar para o próximo verão?
Estudos sobre
a situação climática brasileira no último
século, apresentados pela organização não
governamental World Wild Foundation (WWF), mostram aumento de aproximadamente
0,5 °C na temperatura e que os três anos mais quentes ocorreram
na década de 90. Este aquecimento se deu em todas as estações
do ano, sendo com maior intensidade no período de junho a agosto.
Os registros de precipitação existentes desde o início
do século indicam aumento de cerca de 4% no volume das chuvas e
grande parte deste crescimento tem ocorrido entre março e maio,
o chamado período chuvoso.
O profissional
da área de meteorologia pesquisa as condições atmosféricas
e estuda dados relativos a vento, chuva, insolação, temperatura
e umidade do ar para prever o tempo nas diferentes regiões do planeta.
Os institutos de meteorologia têm grande importância na redução
dos males da poluição e do efeito estufa, na medida em que
mostram cientificamente como o clima está mudando e como deverá
se comportar no futuro. Esses dados são essenciais para as ações
a nível mundial em órgãos como a ONU, a fim de propor
às nações medidas que venham a reduzir o volume dos
gases do efeito estufa em nosso planeta.
O Olhar Virtual
conversou com o coordenador da pós-graduação do Departamento
de Meteorologia da UFRJ, com Isimar de Azevedo Santos. Para ele o Departamento
de Meteorologia vem se empenhando para apresentar pesquisas e estudos
observacionais que resultem na melhoria da qualidade do ar no Rio de Janeiro
e nas cidades vizinhas.
Segundo Isimar,”O
desmatamento das florestas provoca pelo menos duas alterações
na superfície que afetam o clima. Uma é o aumento do albedo
que reflete a luz solar – sendo a luz do sol a nossa única
fonte de energia para os processos climáticos, nas regiões
desmatadas esta fonte de energia benéfica não é tão
bem aproveitada como nas florestas. A outra alteração é
que as plantas têm o importante papel de transformar a luz solar
em massa vegetal e assim liberam oxigênio para o ar. Qualquer redução
de área vegetada representa menor quantidade de dióxido
de carbono transformado em oxigênio, oxigênio este essencial
para a vida animal, inclusive do homem, no planeta”.
Isimar defende
ações preventivas para reduzir as agressões do meio
ambiente. Ele lembra que o protocolo de Kioto prescreve cotas de redução
da atividade industrial e da frota de veículos em cada país
que o . A aceitação deste protocolo seria desejável
por parte de todas as nações para diminuir a emissão
de gases poluentes à atmosfera. “Como qualquer cidade moderna,
o Rio de Janeiro já sofre com a chuva ácida, mas a tendência
será sempre crescente, principalmente se não procurarmos
controlar as emissões das fábricas, das refinarias de petróleo
e dos veículos. Estas ações locais são essenciais
na redução da chuva ácida e seus efeitos sobre a
vegetação e na corrosão de monumentos e construções”
afirmou o professor Isimar de Azevedo.
O derretimento
das calotas polares é outra preocupante conseqüência
no aumento da temperatura no mundo, e sendo o Rio de Janeiro uma cidade
litorânea ela sofrerá muito com o aumento da altura da água
do mar, que é o efeito mais imediato do derretimento do gelo polar.
A cidade deve se preparar, pois este processo de elevação
do nível do mar é inevitável nas próximas
décadas. O professor Isimar de Azevedo observou o fato das populações
mais pobres serem as mais afetadas, devendo, portanto, ser desenvolvidas
políticas públicas que evitem os prejuízos da elevação
das águas, no mar aberto e nas baías, não afete quem
mais está despreparado.
O Departamento
de Meteorologia da UFRJ ainda não faz medições climáticas,
mas está preparado para ajudar a população com três
serviços importantes: a previsão do tempo para todo o estado
do Rio de Janeiro com até 7 dias de antecedência, a previsão
das ondas e ressacas em nosso litoral e informar os índices de
radiação ultravioleta que oferecem risco às pessoas
que tomam sol diretamente.
Segundo Isimar
de Azevedo não são esperadas mudanças bruscas no
comportamento do verão deste ano no Rio de Janeiro, pois os controles
climáticos de escala planetária, como o El Niño,
por exemplo, não estão apontando para condições
extremas de chuvas. “O verão deverá ser bastante
chuvoso como é comum em nossa região, mas dentro da normalidade.
A cidade deve esperar as tempestades vespertinas sempre que o dia for
quente, além de temporais associados à chegada das frentes
frias que tem uma freqüência entre 4 e 7 dias. O uso de protetor
solar é muito importante, pois a América do Sul é
bastante afetada pelo buraco de ozônio, fazendo a radiação
solar afetar muito a nossa pele. A ingestão de bastante líquido
e alimentos leves é recomendada para uma boa saúde das pessoas,
especialmente das crianças e dos idosos”, concluiu o
professor.
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