Ponto de Vista
16.11.2004
A gestão da energia na América do Sul
Bruno Franco

O presidente venezuelano, Hugo Chávez Frias, aproveitou sua visita ao Brasil para lançar uma polêmica proposta. A criação da “Petrosur”, uma empresa petrolífera sul-americana, que aproveitasse a estrutura das empresas do setor e fizesse a gestão energética do continente. Isto aumentaria a importância geopolítica da região, e resguardaria sua soberania.

Para analisar esta nova idéia do presidente Chávez, o Olhar Virtual convidou o professor e economista Edmar Luiz Fagundes de Almeida, do Grupo de Energia, do Instituto de Economia (IE/UFRJ).

Esta proposta do Presidente Chávez não é nova. Quando assumiu o governo ele propôs a criação da PetroAmerica. Seria uma empresa formada a partir da fusão da PDVSA, Petrobrás e Pemex do México. Foi criado um grupo de estudos, mas a indicação não foi adiante. Agora, o presidente Chávez propõe a Petrosur. A nova proposta esta ligada à maior factibilidade de uma fusão das empresas do América do Sul, já que nestes paises existem governos de orientação política mais à esquerda (Brasil, Argentina e Venezuela). Por um lado, a criação de uma grande empresa regional seria bastante interessante para fazer frente à tendência de concentração do mercado mundial de petróleo. Esta indústria passou por um fenomenal processo de concentração industrial, que resultou na formação das "supermajors". Um grupo seleto de empresas globais: Exxon-Mobil, British Petroleum, TotalFinaElf , Shell e Chevron-Texaco. A criação de uma empresa sul-americana poderia viabilizar uma empresa global regional no setor. Todavia, eu vejo uma enorme dificuldade para que isto se concretize. Inicialmente, as empresas, que deveriam se fundir, apresentam características muito distintas. Algumas são totalmente estatais (PDVSA). Outras são semi-estatais (Petrobrás). Assim, para que o processo pudesse avançar, seria imprescindível viabilizar uma governança corporativa segura. Os governos nacionais teriam de abrir mão da interferência política direta na gestão da empresa. Eu acho isto muito difícil de ser implementado politicamente. Entretanto, seria algo interessante a ser tentado. Principalmente, porque seria necessário implementar uma política racional para o petróleo em cada país.

   

 

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