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30.08.2005
A salvação da lavoura
Raphael Ferreira


Pouca gente conhece ou já ouviu falar da pequena cidade de São José de Ubá, localizada na região noroeste do estado do Rio de Janeiro. No entanto, mesmo com pouco mais de seis mil habitantes, o município é o segundo maior produtor de tomate do estado, além de liderar o ranking de empreendedores autônomos e microempresários.

E foi de olho nessas estatísticas que o Instituto de Geociências da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IGEO/UFRJ), juntamente com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), o Departamento de Recursos Minerais (DRM-RJ), a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER-RIO), a Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e a Pontifícia Universidade Católica (PUC-RIO), resolveram criar o projeto “PRODETAB Aqüíferos”, com a intenção de auxiliar e otimizar a produção de tomate do município, através da criação de modelos de irrigação que não prejudiquem o equilíbrio hídrico da Bacia Hidrográfica do rio São Domingos, afluente que abastece a região.

Sistema hídrico da região está ameaçado

Apesar de seu um enorme potencial, São José de Ubá é dona do segundo pior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Rio, devido às características rudimentares de sua produção de tomate – chamada olericultura – e à baixa escolaridade de sua população, entraves dramáticos ao desenvolvimento de sua principal atividade econômica. “A idéia geral desse projeto é melhorar as práticas de produção agrícola no município, como uma área teste, mas pensando em todo o noroeste do estado do Rio de Janeiro, de modo a preservar mais a água dos mananciais presentes no solo, já que muitas das práticas que estão sendo utilizadas são nocivas à permanência dessa água, o que acarretou muitos problemas de seca na região”, afirmou o professor Nelson Ferreira Fernandes, responsável pelo gerenciamento da participação da UFRJ no projeto.

Segundo o professor, as práticas agrícolas, que exigem a retenção de água para a irrigação, são as responsáveis pelo desequilíbrio atual do sistema hídrico do solo na região, já que não têm sido acompanhadas de um estudo detalhado para formular sistemas de irrigação mais eficientes: “Atualmente, os agricultores fazem açudes em vários lugares para reter água, o que resulta no secamento de vários rios. Além disso, a irrigação é, na maioria das vezes, feita em excesso, em quantidades muito acima das que o solo e a planta precisam. É o chamado encharcamento do solo, uma prática rudimentar e prejudicial à saúde da lavoura”.

UFRJ contribui para o cultivo comercial

O “PRODETAB Aqüíferos” é dividido em quatro subprojetos, sendo que a UFRJ está envolvida, basicamente, em dois deles: no monitoramento da água nos solos, ou seja, na medição do teor de umidade através de instrumentos instalados em diferentes profundidades do solo; e na modelagem, ou seja, na criação de modelos que possam prever a disponibilidade de água perante inúmeros cenários, como após a vazão dos rios resultante das chuvas.

Além de seu caráter inovador em termos de extensão da Universidade, a iniciativa dos pesquisadores também conta com idéias pioneiras, que envolvem a abordagem integrada de diferentes campos de conhecimento – hidrogeologia, hidrologia, pedologia e agrometeorologia – associada à uma pesquisa participativa, na qual as decisões sobre as práticas conservacionistas e o uso dos recursos naturais são tomadas em conjunto com os produtores locais. “A água no local está armazenada em grandes falhas e fraturas de rochas cristalinas, e essa é a água obtida em poços ou que alimenta os rios. Se conhece muito pouco desses aqüíferos, chamados fissurais, portanto nossos estudos são inovadores. Além disso, os nossos experimentos são realizados em áreas de cultivo comercial. Fazemos, lado a lado, tipos diferentes de irrigação para a posterior comparação dos resultados. De um lado, as metodologias aplicadas pelo projeto. De outro, a forma como a irrigação era feita tradicionalmente. Desta forma, é possível estabelecer uma comparação, para provar aos produtores que nosso sistema é economicamente mais interessante”, explicou Nelson Fernandes.

Na verdade, o sistema tradicional de produção de tomate irrigado não usa a água do aqüífero subterrâneo diretamente, e sim inibe que a água de diferentes origens o alimente. O tempo de permanência da água no subsolo diminui muito. Em São José de Ubá, é comum a barragem dos rios para se fazer pequenas represas, ou seja, a água não é retirada do subsolo, e sim antes de chegar nele, com bombas instaladas nas represas que sugam a água e a utilizam na irrigação, impedindo que ela chegue aos aqüíferos subterrâneos.

Educação ambiental nas escolas do município

Como disse o professor, juntamente com outros pesquisadores do IGEO envolvidos no projeto, o problema não é causado pelo sistema de produção em si, e sim pelas suas formas de manejo. E para mudar esse quadro, o “PRODETAB Aquíferos” também conta com uma vertente que executa programas de educação ambiental nas escolas do município, trabalhando com crianças dos ensinos fundamental e médio, através da distribuição de cartilhas, de eventos com igrejas e professores, dentre outros exemplos, para ajudar a combater a falta de informação da população, resultante da baixa escolaridade. “Queremos capacitar as gerações futuras. Também fomentamos a instalação, já em andamento, de uma estação de coleta seletiva de embalagens vazias”, afirmou Silvio Barge Bhering, aluno bolsista do Departamento de Geografia e um dos envolvidos no PRODETAB.

Em termos técnicos, o IGEO é responsável pela modelagem numérica da dinâmica hidrológica superficial e subsuperficial da região, associada às diferentes formas de intervenção no uso do solo feitas pela olericultura. Além da coordenação do professor Nelson Ferreira Fernandes e da participação de Silvio Bhering, a colaboração da UFRJ também conta com os estudos do professor Gérson Cardoso Junior (Departamento de Geologia), e dos alunos Eberval Marchioro (Departamento de Geografia), Juliana Menezes (Departamento de Geologia), Andrea Paula de Souza (Departamento de Geografia) e Monique Aguiar Norkus (Departamento de Geografia).

Iniciado em 10 de setembro de 2003, o “PRODETAB Aqüíferos” tem o término de suas pesquisas marcado para 2006, com expectativas de grandes melhorias na produtividade agrícola. E é desta forma que São José de Ubá pretende se tornar a salvação da lavoura para o estado do Rio de Janeiro.

       

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