Pensando em uma formação mais completa e adaptada às demandas do mercado atual, um grupo de docentes e bibliotecários da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) decidiu criar e implantar o curso de Biblioteconomia e Gestão de Unidades de Informação com um enfoque diferenciado dos oferecidos, atualmente, pelos 38 cursos existentes no país. A proposta do curso da UFRJ é enfatizar a gestão em unidades de informação, uma tendência que vem crescendo nas empresas e instituições públicas e privadas. As inscrições para o novo curso, com 30 vagas, já estão disponíveis para o vestibular de 2006 e início das aulas está previsto para o segundo semestre do mesmo ano.

A idéia de criar o novo curso surgiu a partir do interesse do corpo de bibliotecários da UFRJ em repassar a experiência adquirida ao longo de mais de vinte anos de trabalho dentro da Universidade. Segundo a coordenadora da comissão de implantação do curso, Mariza Russo, houve a constatação de que os profissionais egressos dos cursos de Biblioteconomia não possuíam as características necessárias ao ambiente de trabalho exigido pelo século 21. "Os profissionais que chegam ao mercado de trabalho não têm a capacitação necessária para a função. Falta o perfil pró-ativo nesses formandos. Foi aí que percebemos que podíamos preencher tais lacunas, implantando um curso no qual estas deficiências fossem supridas", explica a coordenadora.

A partir das demandas do mercado, o curso foi personalizado para formar um profissional que se adaptasse mais facilmente às constantes mudanças e às novas tecnologias de informação. Por ser um curso com ênfase em gestão, 50% da grade horária está voltada a Administração e os outros 50% ligados a Biblioteconomia. Para isso, o curso foi vinculado a Faculdade de Administração e Ciências Contábeis (FACC). De acordo com a coordenadora, cursos de Biblioteconomia com enfoque em gestão são raros no Brasil porque, em geral, eles estão ligados às faculdades de Comunicação e Letras. "Com este diferencial (gestão em unidades de informação), o profissional, ao se formar, será capaz de utilizar todas as técnicas da biblioteconomia aliadas às habilidades da área de Administração", ressalta.

O projeto político-pedagógico do novo curso foi balizado numa proposta multidisciplinar, onde serão oferecidas diferentes disciplinas curriculares obrigatórias como, por exemplo, Introdução à Economia, Comunicação e Realidade Sócio-econômica e Política Brasileira, Administração de Unidades de Informação, Sociologia Geral, Educação e Biblioteconomia, Finanças em Unidades de Informação, Marketing em Unidades de Informação, Psicologia das Organizações e Ética em Administração, além de estágios supervisionados em Biblioteconomia e em Gestão de Unidades de Informação, com 150 horas cada. Para isso, contou com o apoio de diferentes unidades da UFRJ, tais como a Escola de Belas Artes (EBA), a Escola de Comunicação (ECO), a Escola Politécnica (POLI), a Faculdade de Letras, o Instituto de Economia (IE), o Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS), o Instituto de Matemática (IM), o Instituto de Psicologia (IP) e o Núcleo de Tecnologia Educacional para a Saúde (NUTES).

A área de pesquisa também será incentivada desde o início da graduação. Os estudantes trabalharão em laboratório de pesquisas dentro da Universidade. Para Mariza, aliar teoria e prática é fundamental para a formação dos futuros profissionais. "Incentivar a pesquisa não é comum nesse tipo de graduação. No entanto, sem ela os graduandos acabam saindo sem experiência na área de gestão de informação", destaca.

O espaço da Biblioteconomia no mercado vem crescendo acentuadamente. Algumas estatísticas colocam-na como a quinta carreira mais promissora. Para a coordenadora, isso acontece porque a informação está presente hoje em todos os campos de trabalho e não é possível mais trabalhar sem gerenciá-la. "No passado, grande parte destes profissionais trabalhava apenas em bibliotecas. Hoje, eles trabalham em qualquer ambiente, pois a informação permeia todos os espaços. Isso permitiu a mudança do perfil do profissional", enfatiza.

Os novos campos de trabalho para os bibliotecários são as empresas, as empresas online, os centros de documentação, os museus e os arquivos, embora ainda predomine a área de educação. Com a mudança no perfil do bibliotecário, este terá que fazer todo tratamento técnico da informação e gerenciar todos os recursos que integram a Unidade de Informação, sejam eles materiais, informacionais, tecnológicos e as pessoas, que constituem seu principal ativo. Será sua responsabilidade buscar e filtrar a informação e encaminhá-la para o usuário, que irá variar de acordo a área de interesse.