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ponto de vista
Ponto de Vista
21.06.2005
O desmatamento na Amazônia
João Pedro Werneck
 
O desmatamento na Amazônia tem causado ao longo de anos muitos prejuízos ao meio ambiente. O Olhar Virtual procurou o especialista na área, o professor do Instituto de Biologia e coordenador do Núcleo de Pesquisas Ecológicas de Macaé, Francisco de Assis Esteves, que teceu algumas considerações sobre o assunto.

"A escalada de desmatamento da floresta Amazônica ocorre devido, principalmente, a atividades de mineradoras, madeireiras, pecuária e a agroindústria. Esta última tem crescido de maneira exponencial na região Amazônica, motivada pelo baixo custo das terras e da mão de obra e pelo elevado preço internacional de alguns produtos, como a soja.
Embora muito se tenha falado e escrito sobre as conseqüências da substituição da floresta nativa por outro tipo de ecossistema há, ainda, uma enorme carência de informações científicas básicas e absolutamente indispensáveis para uma avaliação consistente dos prejuízos ecológicos e econômicos desta intervenção antrópica. De concreto, sabe-se que a retirada da vegetação da floresta Amazônica tem conseqüências em escala global (o clima da Terra), regionais (o controle de erosão) e locais (desaparecimento de espécie de importância para a população).
Se o desmatamento que ocorre na Amazônia, a centenas de quilômetros de distância pode nos afetar, é fácil imaginar a extensão dos prejuízos que sofrem as populações locais, como é o caso das comunidades ribeirinhas dos rios, igarapés e lagos. Estas populações extraem, há séculos, essências medicinais, o cupuaçu, o açaí e a castanha, entre outras dezenas de especiarias. Dos rios e igarapés amazônicos, onde vivem mais de 4500 espécies de peixes (em todos lagos e rios da Europa vivem cerca de 92 espécies), retiram uma proteína animal de alta qualidade.
A substituição da floresta por extensas áreas de plantação de soja (agronegócio), representa uma ameaça real a toda a região. Na sua fase inicial, esta intervenção traz, para muitos, a ilusão de “progresso”. No entanto, é na realidade, o início de um quadro de destruição dos ecossistemas com sérias conseqüências econômicas e sociais. A floresta é a primeira vítima e com ela perdem-se benefícios insubstituíveis e outros ainda a serem identificados. Os igarapés e rios são assoreados pelo material erodido e depositados em seus leitos e morrem lentamente, fato perceptível em várias cidades como Manacapuru, no Amazonas e Belterra Fordilândia, no Pará.
Estas regiões, como muitas outras que poderão surgir, são, na prática, regiões ecológica e economicamente degradadas e praticamente irrecuperáveis, que rapidamente são abandonadas, sendo que os grandes empresários do agronegócio, são os primeiros a abandoná-las. Este já é o cenário de várias cidades do Pará, nas quais vastas áreas de florestas primárias foram e ainda são substituídas por plantações de soja. Naquelas cidades, como Eldorado dos Carajás e Macapá, nas quais a fase inicial de entusiasmo já passou, a miséria é facilmente notada através da proliferação de favelas, criminalidade, prostituição e a escalada dos índices de mortalidade, especialmente infantil, decorrentes da falta de saneamento básico.
Através da retirada da floresta Amazônica estamos promovendo a ruptura de um equilíbrio ecológico muito frágil, mas de extrema eficiência, que a natureza necessitou de milhões de anos para concluí-lo.
Em síntese, estamos substituindo ecossistemas dos mais ricos e atualmente mais cobiçados e valorizados da Terra por outros mais frágeis, não sustentáveis. Um procedimento, cujos benefícios, na maioria das vezes, não se reverte para a população que vive na região, nem tampouco para a população brasileira. Há necessidade, em caráter de urgência, da implementação de políticas públicas que visem o controle do uso dos recursos dos royalties gerados pela exploração dos recursos minerais e sobre a aplicação das leis já existentes que regulam o uso das florestas. Estas ações são estratégicas para se assegurar o mínimo de sustentabilidade para a Região Amazônica."

 

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