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Passado
o período eleitoral a Reforma Política, que já tramita
na Câmara dos Deputados, se tornará pauta prioritária.
O Projeto de lei 2679/03, que está na Comissão de Constituição
e Justiça e de Cidadania, visa o casamento da ética pessoal
com a ética das instituições, e propõe o financiamento
público exclusivo para as campanhas eleitorais; a criação
de lista fechada de candidatos, que seriam indicados pelos partidos, o
eleitor votaria na lista e não em candidatos específicos;
e o fim das coligações partidárias para eleições
proporcionais.
Para discutir esta
questão importante para a sociedade brasileira, o Olhar
Virtual traz o ponto-de-vista do professor e cientista político
Aluízio Alves Filho.
Reforma
Política no Brasil
A
reforma política é um velho tema da sociedade brasileira,
assim como é a reforma agrária. Alguma coisa é feita,
mas, somente de forma pontual. Há o interesse de agregar representatividade
e aprimorar a democracia, entretanto propostas, como a cláusula
de barreira, matariam tanto alguns partidos de aluguel, como varreriam
do cenário partidos históricos e ideológicos, como
o PC do B e o PSTU, na medida em que estes não alcançassem
os quocientes eleitorais pré-estabelecidos.
Estamos vivendo um momento de vergonha, onde, para manter o poder, vale
tudo. O Presidente da República defende que seu partido faça
alianças de toda natureza para vencer as eleições,
e o PFL faz o mesmo. É nesse panorama que se discute uma reforma
para construir partidos, que orientem a opinião pública,
que tenham cara, identidade. Deveria haver uma cláusula que proibisse
um partido de abandonar suas bandeiras históricas, para que não
se enganasse o povo. Outra questão é a fidelidade partidária.
Como os partidos votarão essas reformas, se os partidos governistas
incham suas bancadas após as eleições? Nos grotões
do interior do país, a situação é pior. Os
prefeitos aderem ao governo, porque dependem do repasse de verbas e das
obras federais. A natureza de nosso federalismo tributário cria
esse clientelismo.
Os partidos devem ter programas bem definidos, e seus membros devem se
comprometer para com eles. A reforma deveria forçar o político,
que trai o programa com o qual cativou o eleitorado, a deixar seu partido
e o mandato. Este tipo de questão, entretanto, contraria a própria
cultura brasileira. Estudiosos, como Oliveira Viana, já alertaram
para a ausência de ideologia partidária no Brasil, desde
os tempos do Império.
A lista partidária visa a melhoria dos quadros político-partidários,
mas para haver listas é preciso que eles tenham programas ideológicos
que representem correntes de opinião. Ainda assim, quem organizaria
estas listas? Os donos dos partidos? Quais os critérios? Instrução?
Tempo de partido? Isto é inviável, até pelas brigas
internas que acarretaria.
E a questão do vice? O Moreira Franco renunciou ao segundo turno
em Niterói, entrando em seu lugar o terceiro colocado, João
Sampaio, do PDT. Eu, que sou profissional, pensei que sua vice assumiria
a candidatura, até porque não li, em jornal algum, relatos
sobre sua renúncia. Qual é o papel do vice, atualmente?
Fantoche?
A reforma pode ser aprovada, mas de forma branda, sem implicações
sérias como perda de mandato. Como isso será feito daqui
a três meses, se hoje vemos essas alianças espúrias,
coligações as mais espantosas? O ideal nobre dessa reforma
é depurar o processo democrático, mas ela está em
contradição com os interesses econômicos. Hoje, a
vocação do agente público é para com o poder,
e não com a política.Vocação política,
como diz Max Weber, é defender suas posições mesmo
que estas pareçam derrotadas. Não é proceder como
o “bom menino”, da música do Carequinha, que não
faz mal-criação.
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