Popular
ou populista?
Seguindo
a linha dos restaurantes populares, o governo do Estado do Rio de
Janeiro criou a Farmácia popular que vende medicamentos e
materiais farmacêuticos a R$ 1. A medida atende aos idosos
acima de 60 anos com prescrições médicas da
rede pública. São oito as farmácias em funcionamento
com previsão de implementação de mais seis,
divididas entre as cidades do Rio, São Gonçalo, Volta
Redonda e Friburgo. O projeto, que garante uma economia de R$ 45
aos idosos, não faz parte de uma política integrada
de saúde e se caracteriza como iniciativa isolada do governo,
fato criticado por ser considerado assistencialista. Para melhor
análise do assunto, convidamos o professor Nélson
Souza e Silva da Faculdade de Medicina da UFRJ e Márcia Passos,
que leciona na Faculdade de Farmácia, também da UFRJ. |
|
|
|
|
|
|
|
Nélson
Souza e Silva
Prof. de Cardiologia da
Faculdade de Medicina e diretor do Centro de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico da Secretaria
Estadual de Saúde do Rio de Janeiro
"Essa política das farmácias a
um real não resolve o problema da Saúde
Pública no Estado. Primeiro porque o dinheiro
utilizado para a compra desses medicamentos é
público, mesmo que oferecido à população
a um real, o que acontece de fato é que o paciente
paga duas vezes pelo remédio que utiliza. Outro
problema é o lobby das indústrias farmacêuticas
na venda dos seus produtos para instituições
do governo. Não há controle dos preços
dos medicamentos, muito menos da eficácia deles
no controle de doenças. É necessário
uma pressão do governo para o barateamento
dos remédios e não uma política
que ao meu ver é populista. A saída
é promovermos políticas públicas
sérias na área da saúde com o
objetivo de incentivar e consolidar uma indústria
farmacêutica nacional, com preços acessíveis
ao consumidor, além da cota para distribuição
gratuita. O trabalho dos genéricos, nesse ponto,
foi positivo porque ajudou a área farmacêutica,
ainda que continuemos dependentes dos insumos estrangeiros.
O trabalho é longo e não pode ser fruto
de uma política eleitoreira".
|
|
|
Márcia
Passos
Prof. da Faculdade de Farmácia
e responsável pelo Centro Regional de Informação
da UFRJ
.
“Existe
uma legislação sanitária em que
há uma Relação Nacional de Medicamentos
Essenciais, em que estão discriminados os remédios
que devem ser distribuídos gratuitamente pelas
secretarias municipais de saúde; não vejo
a necessidade de cobrança por essas drogas. O
município deve se credenciar e conseguir sua
leva de medicamentos. Sabemos que esses órgãos
públicos carecem de recursos na distribuição
dos remédios, mas isso não é motivo
para cobrança. É necessário um
abastecimento dos almoxarifados, além do fortalecimento
dos laboratórios para negociação
dessas remessas a menor custo. Temos recursos previstos
em lei para assegurar o direito à medicação
do cidadão, porém às vezes eles
não funcionam. Temos, por exemplo, uma agência
nacional que controla os preços junto dos laboratórios.
Precisamos estar atentos às políticas
públicas para não nos deixarmos envolver
por medidas populistas”. |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|