Atividades
de pesquisa e tratamento da tuberculose
O
IDT, Instituto de Doenças do Tórax, vai receber uma
grande contribuição para o cumprimento de suas metas
acadêmicas. A diretoria do BNDES aprovou doação
de um milhão e seiscentos mil reais para as atividades de
pesquisa em tuberculose do Instituto. A verba possibilitará
a alocação do Programa Acadêmico de Tuberculose
e todas as suas atividades no sexto andar do Hospital Universitário
Clementino Fraga Filho (HUCFF), onde serão construídas
áreas administrativas do Programa de Controle de Tuberculose
Hospitalar (PCTH) e do Centro de Pesquisa em Tuberculose (CPT),
com a unidade de pesquisa clínica e diversos laboratórios.
O professor adjunto da Faculdade de Medicina, diretor adjunto de
Pesquisa do IDT e coordenador do Programa Acadêmico de Tuberculose,
Afrânio Lineu Kritski esclarece que “muitos dos chamados
hospitais universitários, em função de falta
de estrutura e déficits orçamentários e fiscais,
têm no máximo uma boa assistência médica,
mas não têm conseguido cumprir uma meta acadêmica”.
Ele destaca a pesquisa e a produção de conhecimento
na área da saúde como importante meta acadêmica
de um hospital universitário. “Tal meta engloba atendimento
aos pacientes, diagnóstico de doenças, tratamentos
especializados e também a prática do ensino para alunos
da graduação e pós-graduação,
mestrado e doutorado”.
“Dentro da estratégia de capacitar o IDT para cumprir
sua missão, foi elaborada uma reformulação
do regimento interno, a partir da qual a Instituição
mudou o seu olhar, se diferenciando de vários hospitais do
Brasil, instituindo programas acadêmicos voltados para áreas
específicas, como tuberculose, asma, oncopneumologia e transplante
de pulmão. O programa acadêmico pode ser comparado
a um trem com vários vagões: um vagão de assistência,
que diagnostica a doença; um vagão que trata o doente;
um outro que auxilia a família e outro que trata do doente
internado. A idéia é acoplar mais vagões a
esses já existentes, voltados para treinamento em serviço,
ensino multidisciplinar e ainda os vagões de pesquisas. Enquanto
se presta assistência à sociedade, também se
ensine e produza conhecimento”.
A Tuberculose, até a década de 70, era considerada
controlada em quase todos os países. Na época, existiam
novos medicamentos e estudos controlados em que os doentes eram
curados 95% das vezes. Achava-se, portanto, que a tuberculose estaria
controlada nos próximos anos, quando ela não estava.
A tuberculose continuava sendo problema sério nos países
pobres, até por ser uma doença bastante ligada a fatores
de falta de saneamento e de políticas públicas de
saúde. De acordo com o prof. Afrânio, a década
de 80 foi marcada por um empobrecimento mundial e um aumento brutal
do número de pessoas nas grandes metrópoles, o que
levou à precariedade das condições de moradia
e ao declínio do funcionamento do sistema público
de saúde em grande parte dos países. “Todo este
quadro piorou com o surgimento da AIDS, que fez com que a tuberculose
explodisse no final dos anos 80 e continuasse aumentando no mundo
todo de forma grave. No Brasil, no início da década
de 90, representantes do governo não perceberam que a tuberculose
estava aumentando, principalmente nos grandes centros urbanos”.
Na metade dos anos 80, os casos de tuberculose estavam em torno
de 80 por cada 100 mil habitantes. Hoje, há em torno de 120
casos da doença por 100 mil habitantes. Aproximadamente,
há entre 9 e 10 mil casos de tuberculose no município
e em torno de 16 mil no Estado do Rio de Janeiro. No Brasil, esse
número varia de 90 a 100 mil casos. O professor explica que
mesmo que o bacilo da tuberculose seja igual ao da década
de 70, atualmente o hospedeiro, o ser humano, modificou-se. “Agora
existem mais pessoas imunodeprimidas, que são os diabéticos,
os doentes renais, os pacientes com lupus, com câncer ou AIDS,
por exemplo. A imunodepressão os torna mais vulneráveis
quando expostos ao bacilo da tuberculose no ar. Diante disto, temos
cada vez mais pacientes tuberculosos que são internados devido
a outras doenças e os hospitais gerais não têm
estrutura para diagnosticar e nem programas específicos para
o tratamento da tuberculose com profissionais bem treinados. É
esse quadro que procuramos reverter no Hospital Universitário,
implantando programas de tuberculose em nível hospitalar”.
A verba repassada pelo BNDES será essencial para melhorar
toda a estratégia do Programa Acadêmico de tuberculose
do IDT. “Desde 1998 implantamos um programa que, ao mesmo
tempo em que o doente é atendido no Hospital, ele é
cadastrado e sua família também passa a ser acompanhada
e assistida. Quando o paciente não vem, nós cobramos
da família e vice-e-versa, criando-se um vínculo entre
os pacientes e os profissionais do programa, o que contribui para
os bons resultados. Além disso, ao mesmo tempo são
realizados vários projetos de pesquisa em disciplinas como
medicina, enfermagem, biologia e ciências sociais. Pretendemos
ter uma estrutura que possibilite um trabalho transdisciplinar”.
Prof. Afrânio ainda ressalta que o Programa Acadêmico
possui três blocos: o programa de tuberculose assistencial,
a unidade de pesquisa e seus laboratórios e a pós-graduação
de ciências pneumológicas, que coordena as atividades
de mestrado e doutorado. “Um Programa Acadêmico precisa
ter atividades assistenciais, de ensino e pesquisa trabalhando em
conjunto”.
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