Olho no Olho

 
08.06.2004  
   

Com Projeto e Projeção
Phellipe Marcel

As pesquisas universitárias são sempre bem acolhidas e admiradas pela comunidade por serem produto de esforço, criatividade e talento na área pretendida. Alunos de mestrado e doutorado trabalham duro em suas teses e, na maioria dos casos, são prestigiados. Muitos pesquisadores da UFRJ recebem prêmios de várias instituições e têm seus trabalhos exibidos em tantas outras, mas nem sempre os alunos da graduação são reconhecidos e projetados da mesma maneira, mesmo tendo projetos de equivalentes valor e trabalho e competência. Sabendo disso, o Olhar Virtual entrevistou a aluna recém-formada em Rádio e TV da Escola da Comunicação (ECO), Maria Cecília Santiago e a professora da graduação e da pós-graduação da mesma unidade, Ivana Bentes.

   
       
 

Maria Cecília Santiago

O Projeto final da ex-aluna da ECO, um documentário, participou recentemente da Mostra Informativa — Foco e Inclusão Social, no CCBB, evento em que outros projetos de estudantes da UFRJ também estavam incluídos. "O documentário reúne várias histórias pertencentes a pessoas verdadeiras, corajosas e dispostas a revelar um pouco sobre suas vidas. É um filme que envolve questionamentos sobre a existência e a luta contra as adversidades", é a sinopse que o próprio CCBB apre-sentou sobre o filme. A aluna escolheu pessoas de seu ciclo social, onze mulheres de vidas próximas à sua e uma personagem fictícia para a gravação. A autora afirma que, há cerca de três anos, perdeu seu irmão caçula, e que entende dos sofrimentos e das vidas destas mulheres que entrevistou.
Ela entendeu que, com uma pequena equipe, as entrevistas se deram de forma muito mais fácil graças à intimidade que mantém com as mulheres e com o clima mais acalorado das gravações. Sobre a dificuldade que teve nas filmagens, Maria Cecília afirma: “não tendo amigos para ajudar com o filme, pois todos estavam ocupados também com seus respectivos projetos finais, tive que conhecer outras pessoas de períodos anteriores, que me ajudaram muito”.
“Nas circunstâncias mais difíceis, você aprende a improvisar. Foi uma experiência muito boa para mim, quando você quer fazer alguma coisa, você vai até o fim. Acho que fazer um filme sempre muda alguma coisa em você de uma forma um pouco mais forte”, diz Maria Cecília, que pretende seguir a carreira na área de cinema.

 

Professora Ivana Bentes

“Eu acho que realmente os trabalhos de graduação são desvalorizados em detri-mento aos da pós-graduação. Os projetos, tanto de mestrado e de dou-torado quanto de graduação são a vitrine dos alunos”. Ivana acredita que o circuito de vídeo cresceu e que sua visibilidade também, o que já é um passo em direção ao aumento da produção e das oportunidades aos alunos.
Ela também vê que uma das soluções é o incentivo do governo e de outras insti-tuições ao potencial dos alunos. “A Prefeitura do Rio já caminha nesta direção com os Cadernos de Comuni-cação. Muitos de nossos alunos têm projetos publicados lá”.
Mas ela entende que a verdadeira saída para o problema é a obrigatoriedade da publicação de monografias para acesso on-line. Isso permitiria, mesmo ao gra-duando, pesquisar bibliografias com mais segurança e minúcia, além de garantir mais originalidade à sua monografia verificando como o tema foi defendido pelo outro pesquisador. Ivana diz que esta já é uma decisão da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) em relação aos trabalhos de pós-graduação, mas ela gostaria que se estendesse à graduação. Outra vantagem da exposição virtual das monografias é o aumento do público que passaria a conhecê-las, uma real demo-cratização de acesso, pois este poderia ser feito pelo computador, e não apenas por meio de visitas a bibliotecas. Uma das propostas de Ivana é que os professores do próprio instituto onde o aluno está se formando escolham um trabalho por semestre para publicação impressa e distribuição, transformando-se em livro.

 
 
 

 

 

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