Olho no Olho

 
11.05.2004  
   

Museu Nacional

Em meio a uma conturbada conjuntura internacional, nascia, em 1818, o Museu Real, atual Museu Nacional. Inicialmente localizado no Campo de Sant’Ana e hoje na Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão, Rio de Janeiro, o Museu foi fundado por D. João VI e faz parte do Forum de Ciência e Cultura da UFRJ.
Além de exposições, a Instituição realiza também, projetos e pesquisas relacionados à história do Brasil e conta ainda com uma Biblioteca, que oferece suporte informacional a todas as atividades científicas a que o Museu se propõe.
Para saber um pouco mais sobre a importância desse patrimônio histórico, o Olhar Virtual foi conversar com o Professor do IFCS, Manuel Salgado, do Setor de Teoria e Metodologia da História, e com Laura Maria Gayer Takche, Chefe da Biblioteca.

   
       
 

Manuel Salgado
Professor do Setor de Teoria e
Metodologia da História - IFCS

Há cinco anos, o professor vem desenvolvendo uma pesquisa que envolve a questão da escrita histórica nos museus, relacionando as diferentes formas de se escrever história em um museu ao campo de produção historiográfica brasileira — daí seu interesse por museus e seus patrimônios.
Para Manuel Salgado, o Museu Nacional tem grande importância para a sociedade, a medida que guarda um dos acervos mais ricos e valiosos do Brasil. “Temos uma história muito recente de cuidado com a preservação do patrimônio. Essa instituição guarda um dos acervos mais ricos e importantes, contendo, por exemplo, obras de viajantes que vieram ao Brasil no século XIX. É um acervo riquíssimo do ponto de vista da construção de nossa identidade e, com isso, perde-se não só o valor material das obras, como também seu valor simbólico. É lamentável que isso tenha acontecido. Na verdade, isso expressa a nossa pouca cidadania em relação a essa obra. A gente não vê o patrimônio como parte da construção dessa cidadania, senão nós preservaríamos. O patrimônio e o reconhecimento do passado são partes da construção humana. Esse acontecimento é uma perda muito além dos dólares que possam valer essas obras, mostrando nossa fragilidade e visão simplista de nossa cultura e patrimônio, ou seja, como geradores de lucro.”

 
 

Laura Maria
Chefe da Biblioteca
do Museu Nacional

A Biblioteca do Museu Nacional é detentora do mais rico acervo espe-cializado em ciências natu-rais e antropológicas da América Latina. A chefe da Biblioteca, Maria Laura Gayer Takche, desenvolveu, em conjunto com a bibliotecária Maria José Veloso, o projeto Memória do Museu Nacional, apoiando a continui-dade de medidas de preservação adotadas na coleção de obras raras. Esta coleção conta com aproximadamente 3.500 publi-cações de valor material inques-tionável e de valor científico insubstituível. “A formação e desenvolvimento da coleção de livros da Biblioteca do Museu Nacional deve-se sobretudo, ao caráter histórico e comparativo das ciências naturais, cujos os estudos são embasados no confronto de exemplares do reino vegetal, animal e mineral com coleções existentes em outros países, permitindo a partir daí, a identificação da biodiversidade de nosso país.” Quanto ao furto de obras raras ocorrido na última semana, Laura Maria afirma: “É uma perda muito grande para a biblioteca. Aliás não só para a biblioteca, pois estas obras são patrimônio da humanidade. É nossa história. A história do nosso país que está se perdendo. Foram 24 obras importantíssimas perdidas.”

 
 
 
 

 

Bons ventos para o Museu Nacional

Após amargar com a escassez de recursos, que vem comprometendo a conservação do acervo do maior museu de história natural da América Latina, o Diretor do Museu Nacional da Quinta da Boa Vista, prof. Sergio Alex, vai receber cerca de 1 milhão e 200 mil reais para obras de restauração e instalação de um sistema de segurança adequado. O professor será recebido, em Brasília, quinta-feira, dia 13, por José Nascimento Jr., Diretor de Museus, do IPHAN, órgão do Ministério da Cultura, para ajustarem o repasse de 500 mil reais. Outros 760 mil reais, prometidos pelo MEC, também serão repassados após conversa, no mesmo dia, com o chefe de gabinete da Secretaria de Ensino Superior, Godofredo de Oliveira Netto.
Nesta última quarta-feira, a Vice-Reitora Sylvia Vargas, no exercício da reitoria, esteve reunida com o professor Alex, nas dependências do Museu. Eles combinaram formas de agilizar a aplicação de recursos da UFRJ em medidas emergenciais de segurança para o Museu, que teve sua biblioteca de obras raras recentemente roubada. Dentro de um Plano Emergencial está previsto a instalação de circuito interno de TV, de central de alarme contra fogo, de um sistema de controle de acesso às dependência do Museu e substituição de rede elétrica em estado de risco.
Paula Mello, Coordenadora do Sistema Integrado de Bibliotecas da UFRJ, confirmou para dia 12 de maio uma reunião com todos os bibliotecários responsáveis pela guarda de obras raras, a fim de elaborarem um documento normativo sobre a instalação física, uso e tratamento deste acervo na Universidade. Anunciou, também, para os dias 24 a 28 de maio, um curso sobre Segurança de Acervos Culturais, oferecido pelo Museu de Astronomia, no qual serão inscritos profissionais da UFRJ.

 

 

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