1º
de maio: da reflexão à ação
Às vésperas do dia do trabalhador, a equipe do Olhar
Virtual preparou esta edição especial, colhendo opiniões
de segui-mentos representativos da comunidade universitária.
Nossa intenção é oferecer aos leitores pontos
de vista sobre a realidade dos servidores públicos que se
encontram num momento decisivo da luta por seus direitos. Trata-se
de contribuir para a reflexão sobre que caminhos adotar diante
da complexa situação em que se encontra o país.
Reflexão indispensável para uma ação
consistente em favor de mudanças políticas que ajudem
a orientar o papel da universidade pública na sociedade brasileira.
Do trabalho
ou do trabalhador?
Roberto Gambine, superintendente da PR-4
Muita
gente pensa que o 1º de maio festeja o Dia Internacional do
Trabalho. Na verdade, é o Dia Internacional do Trabalhador,
em homenagem aos líderes sindicais de Chicago assassinados
nesta data, em 1886, e que só veio a ser reconhecida mundialmente
depois da Segunda Guerra.
Este ano, a data se reveste de maior importância quando cresce
o número de desempregados no país, alcançando
o contingente de 2,7 milhões de pessoas. A geração
de empregos é a principal exigência da sociedade brasileira
junto ao governo.
No caso dos servidores das universidades, vivemos um momento decisivo
na definição do novo Plano de Carreira. Os técnicos-administrativos
ocupam a última posição entre todas as existentes
no Poder Executivo, sendo que em alguns casos o teto salarial dos
servidores das IFES equivale ao piso de outra carreira do Estado.
A decisão de superar estas disparidades está ao alcance
do Governo Federal. A frustração desta reivindicação,
com certeza, deflagrará a greve prevista para 10 de maio.
Na UFRJ, de 30 de abril a 7 de maio, será realizada a Semana
do Trabalhador, em que abordaremos os temas do desemprego e da carreira
do servidor, combinadas com atividades de integração
e confraternização entre os trabalhadores. (Saiba
a programação na integra em Fique de Olho)
Viva os trabalhadores de todo o mundo! Viva o 1º de maio!
Em
defesa do Plano de Carreira
Ana Maria Ribeiro, coordenadora geral do Sintufrj
Está
marcado para dia 10 de maio a possível deflagração
de uma greve dos servidores públicos federais, em defesa
do Plano de Cargos Único. Trata-se de uma greve com pauta
específica, mas articulada com os demais servidores públicos
que venham a estar em movimento reivindicatório.
Na plenária da FASUBRA verificou-se que ainda não
há um nível elevado de mobilização.
O indicativo de greve faz parte de um esforço para organizar
a categoria para que haja realmente uma modificação
deste quadro. A gente vê o 1º de maio como um espaço
de política importante de todos os trabalhadores, públicos
e privados na luta pelos seus direitos que há muito tempo
vêm sendo desrespeitados. Nesta última década
vivemos em constante luta de resistência contra as perdas.
Estamos profundamente preocupados com as reformas trabalhista e
sindical que vêm sendo apresentadas nos bastidores por membros
do governo e que podem apontar para novas perdas. Logo, este 1º
de maio de 2004 é fundamental para reafirmarmos nossos direitos
e ampliá-los. Recuperar direitos que nos foram tirados, como
licença prêmio, licença de capacitação,
entre outros, a partir de lutas articuladas com os demais trabalhadores
do país. O que desejamos é um trabalhador com estabilidade
e seriedade para o trabalho. Hoje temos cada vez menos trabalhadores
com carteira assinada, com estabilidade no emprego, havendo a predominância
do mercado informal, daí a importância de fortalecermos
o 1º de maio.
Acreditamos que nas negociações com o governo há
diálogo, diferentemente do anterior, mas que enquanto ele
não tiver claro qual é o projeto de país, de
Estado que se quer, “desenvolvimentista”, “mínimo”,
“de soberania nacional”, não terá condições
de apontar com clareza o que ele deseja dos servidores públicos.
Docentes
exigem política salarial mais justa
Sara Granemann, diretora da Adufrj
Para
os docentes das universidades públicas, o primeiro de maio
é mais uma oportunidade de reflexão sobre a relação
dos governos com os trabalhadores do serviço público.
Em plena campanha salarial do conjunto das categorias do funcionalismo
federal, entre estas os professores universitários, o governo
Lula apresenta uma proposta de reajustes diferenciados nas gratificações
produtivistas e mantém exatamente a mesma lógica de
seu antecessor. A proposta aprofunda as distorções
na carreira, acentua a quebra da isonomia e as diferenças
entre ativos e aposentados.
Como resposta, os servidores públicos aprovaram em plenária
nacional, no último dia 20, parar a partir de 10 de maio,
caso o governo não aceite discutir de fato as reivindicações
da categoria, ignoradas nos anos anteriores pelo governo FHC e também
agora pelos ministros de Lula. Os professores querem, entre outros,
um reajuste linear, item que consta da pauta dos servidores federais;
e a incorporação de todas as gratificações
(GID, GED e GAE), nos seus valores máximos, para todo o magistério
superior e básico, ativos e aposentados.
Na avaliação da diretoria da Adufrj-SSind, ao manter
a política de superávit fiscal e os acordos com o
Fundo Monetário Internacional e com o Banco Mundial, o governo
Lula dá seqüência à construção
de um Estado mínimo para os trabalhadores, com a crescente
mercantilização dos serviços públicos.
Não é à toa que, no ano passado, o governo
pagou R$ 150 bilhões de juros aos credores e, já no
primeiro trimestre de 2004, bate com folga de R$ 6 bilhões
as metas acertadas com o FMI. No trimestre, o saldo fiscal do setor
público, excluídas as despesas com juros, somou R$
20,52 bilhões, ante uma já imensa meta de R$ 14,5
bilhões para o período. Em março, a dívida
total do setor público ficou em 57,4% do PIB, ou R$ 924,44
bilhões. Enquanto isso, o governo Lula destina menos de R$
2 bilhões para atender às perdas salariais acumuladas
nos últimos nove anos por 906 mil servidores públicos.
No melhor estilo FHC, mantém a política do “para
os banqueiros, tudo; para os trabalhadores, nada”.
Últimas
Matérias
20.04.2004
UFRJ
desenvolve projeto ecológico no Espiríto Santo
13.04.2004
Uma
viagem à Pré-História
06.04.2004
UFRJ
participa da criação da Defensoria da Água
|