Planejamento
urbano
O
planejamento urbano é um fator importante para a análise
do crescimento do crime organizado no Rio de Janeiro. O professor
Carlos Vainer, Diretor do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano
e Regional (IPPUR), fala sobre o assunto ao abordar o conflito entre
os modelos de planejamento existentes e os malefícios da
adoção do modelo que ele chama de “planejamento
competitivo”, cuja conseqüência é a marginalização
de grande parte da população carioca, promovendo o
aumento da criminalidade.
“Na
verdade, existem hoje vários modelos de planejamento. O dominante
pensa a cidade quase como uma empresa que concorre no mercado global
com outras ‘empresas’. Através de marketing,
a cidade oferece uma série de fatores para atrair os capitais,
faz a guerra fiscal, por exemplo. Esse planejamento, que recebe
muitas vezes o nome de ‘planejamento estratégico’,
eu chamo de ‘planejamento competitivo’. Este modelo
coloca a cidade a serviço do capital externo e dos turistas.
Na verdade, o foco principal é tornar a cidade um lugar atrativo
para os de fora, sejam os capitais, sejam os eventos, como o Panamericano
ou as Olimpíadas. Esse planejamento segue o modelo neoliberal
de planejamento, que vê a cidade como uma empresa competitiva,
submetendo-a a regras e normas que acabam aprofundando a desigualdade.
Eu costumo dizer que se uma cidade é vista como uma empresa,
ela não é uma cidade democrática, pois a idéia
de ‘marca’ é incompatível com cidade plural,
ao focar uma imagem no que considera atraente, em detrimento da
diversidade oferecida pela realidade sócio-cultural. Existe
ainda um outro modelo de planejamento que disputa a hegemonia nas
cidades. É o planejamento participativo, que ao meu ver é
o mais democrático. Este, em vez de excluir, de colocar a
cidade a serviço do mercado, inclui, por intermédio
de um processo de construção da cidadania, na qual
a própria população decide os destinos da sua
cidade. Em vez de entregar a cidade nas mãos do homem de
marketing, o planejamento fica a cargo de seus cidadãos.
Se nós entendermos o planejamento urbano como um instrumento
que permite criar um espaço público, coletivo, onde
a cidadania pode ser democraticamente discutida, o planejamento
passa a ser um instrumento de combate à violência.
Pode, pelo menos, impedir que seja proposto como solução
o urbanismo policial, onde você transforma as favelas, que
já são espaços marginalizados, em verdadeiros
‘guetos murados’.”
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