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Prof°
Marco Antônio Mello
Chefe do Departamento de Antropologia
Cultural do IFCS/UFRJ
“A idéia de alguém ter oportunidade
de ser um poliglota sempre se impôs. Na história
da Europa Medieval, falavam-se vários dialetos,
inclusive o neolatim, que ocupou na época, o
mesmo lugar que o inglês ocupa nos dias de hoje.
O inglês é a língua do comércio
internacional, das relações internacionais,
tanto que é muito utilizada por cientistas e
empresários.”
Segundo o Professor Mello, o Brasil sempre teve um espírito
de “macaquiação” da cultura
européia continental. “No início
do século XX, até a década de 30,
falava-se muito o francês no Brasil. Boêmios
e intelectuais se reuniam em locais propícios
para a difusão dessa língua. O francês
era falado inclusive em prostíbulos. Os próprios
anúncios de jornal da época eram, majoritariamente,
franceses. Transitar de uma língua para outra
não significa destruir sua própria cultura.
A adoção de uma língua estrangeira
é uma forma de enga-jamento conversacional transfron-teiriço”.
“Começar a fazer essa mudança (por
exemplo, ao invés de se falar ‘mouse’,
falar rato) é um absurdo”. Para Marco Antônio,
não há nada de pernicioso na língua
estrangeira; ela é algo paralelo à cultura
nacional. Ele acredita que deveríamos aprender
no mínimo três línguas e que estas
deveriam ser ensinadas nas escolas, assim como a Língua
Portuguesa. |
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Professora
Aurora Neiva
Depto de Letras Anglo-Germânicas,
Setor de Inglês e do Programa Interdisciplinar
de Lingüística Aplicada, Faculdade de Letras/UFRJ
“Não
há como atuar nos diversos setores da sociedade
se você não tiver acesso à tecnologia.
Infelizmente nossa língua nativa não é
a da divulgação científica. Desde
o Império Britânico o inglês é
esta língua e, depois da consolidação
dos Estados Unidos como potência militar e econômica,
isso se perpetuou ainda mais. Isso não vem só
de um determinado país, mas de todo o mundo.
Quem tem o poder é quem tem o conhecimento. A
informação divulgada no mundo se dá
em inglês por todos os meios.
À medida que o brasileiro se alia aos seus vizinhos,
o espanhol também passa a ser de grande importância
pelas oportunidades que este idioma abre. Mas, aprender
uma língua estrangeira não significa ser
dominado pela sua respectiva cultura. Há quem
diga que quem fala um outro idioma deve se aculturar,
mas ele deve ser usado como instrumento. O fato de dominar
a língua passa a significar domínio social,
mas é muito pouco da língua oral que precisamos
para crescer como nação. Falar a língua
estrangeira corretamente, segundo muitos vêem,
é uma atitude, uma mentalidade de povo colonizado.
A proposta de aprender uma língua estrangeira
é válida para ser usada como instrumento,
não para fins de subserviência. A língua
é uma das manifestações mais genuínas
do ser humano, e é a partir dela que nos constituímos
como sujeitos e definimos nossa identidade”. |
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