Até
que ponto a UFRJ está em condições de receber
alunos deficientes?
Diante
das inúmeras dificuldades encontradas por alunos, funcionários
e professores portadores de deficiência em transitar pelos
vários prédios que compõem a Universidade Federal
do Rio de Janeiro, o Ponto de Vista questiona essas condições
e traz uma entrevista com a professora da FAU e coordenadora do
Núcleo Pró-Acesso da UFRJ, Regina Cohen, para discutir
sobre o problema.
O trabalho realizado por Regina Cohen e Cristiane Duarte é
voltado para pesquisas que buscam meios de ampliar e melhorar os
acessos dentro da instituição para pessoas com deficiência
que estudam ou trabalham nela. “Infelizmente, apesar do caráter
inédito e do sucesso da criação de um Núcleo
dedicado à inclusão e à acessibilidade de alunos
com deficiência, nossa Universidade não está
preparada para receber este grupo de alunos, professores ou funcionários
em seus espaços de ensino e pesquisa. Quando iniciamos nosso
trabalho em 1999, tínhamos em mente propostas para tornar
a UFRJ um exemplo em termos de acessibilidade no Brasil. Além
da pesquisa e do levantamento das barreiras, pretendíamos
implementar o ‘Projeto UFRJ 2000’ que consistia em um
conjunto de medidas que fizessem de nossa Universidade a primeira
a se dedicar ao assunto, assumindo uma postura pioneira em nosso
país”, afirma Regina.
O Núcleo Pró-Acesso, da Faculdade de Arquitetura e
Urbanismo da UFRJ (FAU) está vinculado ao Programa de Pós-Graduação
em Arquitetura (PROARQ) da FAU/UFRJ e vem se dedicando a um trabalho
de conscientização e planejamento de espaços
voltados para as necessidades de pessoas portadoras de deficiência,
além de buscar a integração sócio-espacial
destas pessoas e a conscientização também de
alunos, pesquisadores e profissionais sobre a importância
de um desenho universal que venha a eliminar todo tipo de barreira
à acessibilidade.
Quanto aos problemas encontrados dentro da UFRJ, Regina Cohen registra
que a ausência de sanitários adaptados para “cadeirantes”,
de pisos de alerta para cegos, elevadores sem teclas em braille
e sonorizadores que avisam o andar, dentre outros são alguns
dos problemas. Entretanto, deixa claro que a pior barreira está
na burocracia dentro da instituição e até o
preconceito existente no meio acadêmico. “Isso nos chocou,
pois acreditávamos que, num meio onde se busca a excelência
na produção do conhecimento, as mentes deveriam ser
mais abertas e deveria haver uma mentalidade que procurasse atenuar
as diferenças... triste ilusão! As minorias continuam
a ser segregadas socialmente no âmbito da comunidade acadêmica”,
lamenta a professora.
Casos como da Faculdade de Letras, que tem o seu único elevador
parado há mais de seis meses, estão esquecidos ou
são colocados em últimos pontos na chamada “lista
de prioridades” das obras de melhorias físicas da Universidade,
o que entristece a coordenadora que previa um sucesso maior no que
diz respeito a prática dos resultados de suas pesquisas dentro
da instituição. “O estudo e a implementação
de soluções que se pretendiam pioneiras têm
sido ultrapassadas por outras universidades brasileiras, fazendo
com que a UFRJ perca o “bonde” da história, ao
deixar, inclusive, de seguir a legislação do Ministério
de Educação”, completa Regina Cohen.
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