UFRJ
participa da criação da Defensoria da Água
No
último dia 16 de março foi fundada a Defensoria da
Água, organismo que reúne a CNBB, o Ministério
Público Federal, a Polícia Federal, o Movimento Gritto
das Águas e a UFRJ, além de outras entidades sociais,
com o objetivo de impedir a degradação ambiental e
defender o acesso a água por populações carentes.
O lançamento oficial ocorreu na sede da CNBB em Brasília
na semana anterior ao Dia Internacional da Água, e foi o
primeiro gesto concreto da Campanha da Fraternidade deste ano, que
tem como tema “Fraternidade e Água”.
O trabalho da Defensoria começa com a apuração
de denúncias pelo Movimento Gritto das Águas, que,
uma vez consideradas pertinentes, serão apresentadas ao Ministério
Público. Há ainda a participação da
Polícia Federal, que criou uma força-tarefa para a
investigação de crimes ambientais. A partir daí,
os procuradores especializados em meio-ambiente seguirão
todos os procedimentos legais cabíveis, solicitando, por
fim, o trabalho de análise à Faculdade de Administração
e Contabilidade da UFRJ (FACC).
A FACC terá um papel fundamental no projeto, através
do grupo de pesquisas de contabilidade ambiental. Esse grupo vai
analisar as demonstrações contábeis empresariais
para saber se os investimentos em preservação ambiental
que essas empresas divulgam estão realmente sendo feitos.
Além disso, a faculdade também vai auxiliar o Ministério
Público através da preparação de um
roteiro para avaliações em termos de ajustamento de
conduta, acordos com caráter de sentença jurídica
entre a empresa em questão e o Ministério Público
para reparação de danos ambientais, neste caso relacionados
a poluição ou mau uso da água.
Para a professora Aracéli Ferreira, Diretora da FACC e coordenadora
do grupo de pesquisas que fará as análises contábeis,
não só a faculdade, mas toda a universidade ganha
com o projeto, pois é a chance de colocar em prática
um trabalho que vem sendo feito de forma pioneira no Brasil pela
UFRJ. “A FACC foi a primeira faculdade do mundo a ter contabilidade
ambiental no curso de graduação. Nós sabemos
disso porque na época da implantação dessa
disciplina fizemos uma pesquisa e não encontramos nenhuma
outra.” A professora conta que desde 1998, quando a disciplina
foi inserida no currículo, as pesquisas nessa área
vêm crescendo. Ela diz que na realidade uma pesquisa sobre
as empresas de papel de celulose, publicada na Gazeta Mercantil
demandou o convite para a UFRJ participar da Defensoria.
Com relação às ações efetivas
da entidade, desde a sua criação no mês passado,
Aracéli afirma que ninguém do projeto está
trabalhando para um resultado de curto prazo:
- Denúncias estão sendo encaminhadas para a Defensoria
da Água, através do site lá de Brasília.
Para a gente aqui da FACC ainda não houve nenhuma demanda,
mas as denúncias estão sendo analisadas, o Movimento
Gritto das Águas tem a preocupação de não
aceitar denúncias vazias. A idéia é formar
realmente um processo, coletar as informações, o que
é demorado. Nós estamos trabalhando para resultados
de médio e longo prazo – declara a professora.
O diferencial da Defensoria da Água como agente social é
a junção de todas essas entidades, que buscam recursos
de forma independente para viabilizar o projeto. No caso da FACC,
eles esperam a aprovação de liberação
de recursos da Faperj para financiar as pesquisas. Em um primeiro
momento, o grupo de pesquisas da FACC pretende selecionar empresas
que tenham alto consumo de água e cujas informações
sejam públicas, e assim começar a analisar, deixando
esses dados disponíveis para o posicionamento ativo na Defensoria.
A meta maior do organismo é a formação de uma
responsabilidade ambiental nas pessoas, empresas e governos, principalmente
no que diz respeito à utilização da água.
Para mais informações acesse o site www.defensoriadaagua.org.br.
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