Uso
de embriões para fins terapêuticos: sim ou não?
A
clonagem para fins terapêuticos representa grande fonte de
esperanças para o tratamento de doenças ainda sem
cura. Mas as pesquisas com embriões humanos para esses fins
envolvem intermináveis discussões éticas, pois
a utilização das células-tronco embrionárias,
células que podem se transformar em qualquer tecido humano,
implica na morte do embrião. Além disso, ainda existe
a questão do destino dado aos embriões preservados
e não utilizados pelas clínicas de fertilização.
O Dr. Radovan Borojevic, do Departamento de Histologia e Embriologia
da UFRJ, e o estudante de medicina da UFRJ Paulo Lima, diretor da
ONG Juventude pela Vida, expõem suas opiniões sobre
essas questões. |
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Dr.
Radovan Borojevic
Diretor do programa avançado de Biologia
Celular Aplicada à Medicina da UFRJ
Na
opinião do Dr. Radovan Borojevic, a clonagem de embriões
hu-manos para fins terapêuti-cos pode ser um avanço.
“Toda a comu-nidade científica é contrária
à clona-gem humana para fins de reprodu-ção,
de geração de novos seres humanos, nós
também. No entanto, a clonagem terapêutica
é uma possibilidade a ser conside-rada. Ainda é
necessário uma pesquisa extremamente longa e complexa
para se avaliar os riscos que isso envolve, porque não
temos con-dições de avaliar o perigo que essas
células podem trazer para o paciente. Contudo, trata-se
de uma proposta bastante interessante.”
Quanto ao uso do concepto, o embrião em sua concepção,
para pesquisas, o Dr. Radovan é cate-górico
em afirmar que oficialmente é fato que a vida começa
na fecun-dação e sua destruição
seria um atentado, uma vez que o concepto tem o direito
à proteção como todos os seres humanos.
Porém, o Dr. Radovan lembra das clínicas de
fertilização, que acabam por destruir os conceptos
que não serão uti-lizados. “É
grande o número de conceptos congelados. Eles são
conservados, mas depois são descartados, pois o custo
para sua manutenção é bastante alto.
Deste modo, estes conceptos, ao invés de serem destruídos,
podem ser utilizados para fins terapêuticos. Até
porque só serão seres humanos se implantados.”
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Paulo
Lima
Estudante de Medicina da UFRJ e Diretor
da ONG Juventude pela Vida
Paulo
Lima é to-talmente contra a pesquisa com célu-las-tronco
embrioná-rias. Para ele, já e-xiste um ser
humano desde o momento da fecundação, e
por isso a destruição do embrião
configura uma forma de assassinato.
"Toda pesquisa com embriões humanos é
por si imoral. Porque nenhum fim justifica o meio ilícito.
E o meio é ilícito, porque o embrião
em sua concepção já é uma
vida humana. Então, nada justifica matar uma vida
humana para tentar salvar outras. Foi isso que, na verdade,
o nazismo fez: experiências que matavam seres humanos
pelo bem da ciência."
Paulo não aceita o argumento daqueles que afirmam
que o lixo é a única alternativa para os
embriões congelados nas clínicas de fertilização,
e que por isso, o melhor seria utilizá-los para
as pesquisas.
"Toda essa investida da mídia em relação
aos embriões já congelados visa a criação
de uma grande indústria, porque esses embriões,
que geram um gasto tremendo para as clínicas de
fecundação artificial, poderiam se traduzir
em ganhos através da venda de material para experiências
genéticas."
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