Ponto de Vista

 
09.03.2004  
   

Boa, barata e própria!

Ter a casa própria é o sonho de 50% do povo brasileiro segundo pesquisa do Instituto IBOPE realizada em julho de 2003. Entretanto, essa conquista se torna a cada dia mais difícil devido ao constante aumento dos preços dos materiais, especialmente o cimento, além da recessão que afeta a economia, reduz salários e piora as perspectivas de emprego.
Com o intuito de estabelecer uma ação contra o quadro desanimador da habitação do país, Francisco Casanova, professor de Engenharia Civil da UFRJ, partiu de um princípio simples e eficaz: aproveitar o solo para a produção de tijolos e baratear a construção civil. O processo é explicado pelo próprio professor: “A Olaria a frio funciona com prensa hidráulica e é capaz de produzir 3 mil tijolos por dia. E como base para o tijolo utilizamos o solo local, que nas condições propícias, tem a qualidade do material convencional. A produção desses 3 mil tijolos em três dias é o suficiente para construir uma casa de 40 m2 com dois quartos, sala, cozinha e banheiro”.
O estudo, realizado através do grupo Geotemah alocado no programa de Engenharia da COPPE/UFRJ, priorizou a população mais carente que tem péssimas condições de moradia e que ainda sofre com a falta de infra-estrutura. Casanova relembra o início do programa: “Fui até a favela e peguei uma pessoa carente, que vivia de favores e pensei: é com ele que eu vou dar o exemplo. Chamei um pequeno grupo da comunidade da favela da serrinha em Japeri, a favela mais pobre, e começamos a construir a casa do Adão, morador do local, que ficou pronta em duas semanas”. O exemplo deu certo e já rendeu frutos. Atualmente o projeto foi implantado nas comunidades do Morro do Quieto no Rio de Janeiro, dos Sem-Terra em Santa Catarina, entre outros e faz parte do Programa de Habitação das prefeituras de Mendes, Cordeiro e Volta Redonda, situadas no interior do Rio.
O projeto, atualmente, ganhou novo vigor com o prêmio Tecnologia Social da Fundação Banco do Brasil, que incentiva o desenvolvimento de tecnologias voltadas para a questão social. “Concorremos com 634 projetos e o nosso foi classificado para ser cadastrado na Fundação como tecnologia social para disponibilizar a tecnologia assim que requisitada por empresários ou órgãos públicos. O interessante é que a maior parte das concorrentes são instituições de peso como a Embrapa, USP e agora UFRJ” constata o professor que já orientou mais de 700 pessoas, inclusive na República Dominicana, e que mostra como pode ser eficiente a contribuição que a pesquisa científica pode dar à população.

 

 

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