Democratização
do acesso à Universidade Pública
A
cada vestibular o tema ressurge: como democratizar o acesso à
universidade pública? O Olhar Virtual revela, em primeira
mão, uma das propostas que podem vingar na UFRJ e também
dá espaço a um representante do movimento estudantil
para expor suas idéias sobre a polêmica questão.
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Marcelo
Castro
Diretor da Faculdade
de Educação da UFRJ
O
diretor da Faculdade de Educação da UFRJ,
Marcelo Castro, faz parte de gru-pos na Univer-sidade que
pensam em maneiras de se democratizar o acesso a ela. Uma
comissão do CFCH está trabalhando junto à
Reitoria e já tem uma pro-posta. Castro afirma que
apenas co-tas raciais não resolvem o problema do
acesso, que é muito maior, de ordem social. Portanto,
a proposição é inovadora. A política
teria três níveis: o primeiro seria implantar
o sistema de cotas apenas nos cursos mais concorridos, como
Medicina, Comunicação, Engenharia de Pro-dução,
pois em muitos outros, como Serviço Social e Letras,
por exemplo o acesso já está democratizado.
Já há 50% dos alunos oriundos de escolas públicas.
Um segundo nível seria a implementação
de uma po-lítica antes desses alunos entrarem na
Universidade. A Faculdade de Educação tem
2000 alunos quali-ficados que precisam ter 300 horas de
prática de ensino para se for-marem. Esses estudantes
traba-lhariam nas escolas públicas, dando mais atenção
aos alunos, e melho-rando a qualidade do ensino. Um terceiro
nível é o depois de os alunos entrarem. Aí,
os estudantes precisa-riam receber todo o tipo de assis-tência
estudantil, como bolsas e, os que necessitassem, ter um
acom-panhamento de estudantes de pós-graduação
para aperfeiçoarem seu capital cultural. A proposta
será apresentada nesta segunda-feira à Reitoria.
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Pedro
Martins
Membro do Diretório
Central dos Estudantes
O
DCE - Diretório Central dos Es-tudantes - também
pretende debater a questão. No mês que vem
o movimento fará um seminário para discutir
seus rumos políticos. A demo-cratização
do acesso será debatida. A informação
é de Pedro Martins, representante da entidade.
Pessoalmente, Martins é contra as cotas raciais.
Ele acredita que a medida não vai ao cerne da questão.
“Dizem que se as cotas para negros nas universidades
forem estabele-cidas, o racismo na sociedade vai acabar.
Mas se pensarmos sobre o machismo, vamos ver que, na Universidade,
a quantidade de homens e mulheres é equilibrada.
Apesar disso, a nossa sociedade permanece machista”,
pon-dera. Para Martins, a Universidade não pode
ser isolada do resto da sociedade e servir como um laboratório.
“Tudo funciona ao mesmo tempo e por isso, assim
como temos de exigir mais cursos de extensão, mais
assistência estudantil, temos de exigir a melhoria
do ensino básico público. Seria um passo
para resolver o problema.”
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