Olho no Olho

 
21.01.2004  
   

Democratização do acesso à Universidade Pública

A cada vestibular o tema ressurge: como democratizar o acesso à universidade pública? O Olhar Virtual revela, em primeira mão, uma das propostas que podem vingar na UFRJ e também dá espaço a um representante do movimento estudantil para expor suas idéias sobre a polêmica questão.

 
       

Marcelo Castro
Diretor da Faculdade
de Educação da UFRJ

O diretor da Faculdade de Educação da UFRJ, Marcelo Castro, faz parte de gru-pos na Univer-sidade que pensam em maneiras de se democratizar o acesso a ela. Uma comissão do CFCH está trabalhando junto à Reitoria e já tem uma pro-posta. Castro afirma que apenas co-tas raciais não resolvem o problema do acesso, que é muito maior, de ordem social. Portanto, a proposição é inovadora. A política teria três níveis: o primeiro seria implantar o sistema de cotas apenas nos cursos mais concorridos, como Medicina, Comunicação, Engenharia de Pro-dução, pois em muitos outros, como Serviço Social e Letras, por exemplo o acesso já está democratizado. Já há 50% dos alunos oriundos de escolas públicas. Um segundo nível seria a implementação de uma po-lítica antes desses alunos entrarem na Universidade. A Faculdade de Educação tem 2000 alunos quali-ficados que precisam ter 300 horas de prática de ensino para se for-marem. Esses estudantes traba-lhariam nas escolas públicas, dando mais atenção aos alunos, e melho-rando a qualidade do ensino. Um terceiro nível é o depois de os alunos entrarem. Aí, os estudantes precisa-riam receber todo o tipo de assis-tência estudantil, como bolsas e, os que necessitassem, ter um acom-panhamento de estudantes de pós-graduação para aperfeiçoarem seu capital cultural. A proposta será apresentada nesta segunda-feira à Reitoria.

 

Pedro Martins
Membro do Diretório
Central dos Estudantes

O DCE - Diretório Central dos Es-tudantes - também pretende debater a questão. No mês que vem o movimento fará um seminário para discutir seus rumos políticos. A demo-cratização do acesso será debatida. A informação é de Pedro Martins, representante da entidade. Pessoalmente, Martins é contra as cotas raciais. Ele acredita que a medida não vai ao cerne da questão. “Dizem que se as cotas para negros nas universidades forem estabele-cidas, o racismo na sociedade vai acabar. Mas se pensarmos sobre o machismo, vamos ver que, na Universidade, a quantidade de homens e mulheres é equilibrada. Apesar disso, a nossa sociedade permanece machista”, pon-dera. Para Martins, a Universidade não pode ser isolada do resto da sociedade e servir como um laboratório. “Tudo funciona ao mesmo tempo e por isso, assim como temos de exigir mais cursos de extensão, mais assistência estudantil, temos de exigir a melhoria do ensino básico público. Seria um passo para resolver o problema.”

 
 
 

 

 

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