Custo
do aluno Universitário
Dados
do MEC mostram que o aluno de ensino superior custa mais ao governo
que o dos ensinos médio e fundamental. Com isso, o governo
pretende diminuir as verbas para as universidades até 2011,
aumentando o orçamento da educação básica
e, em tese, solucionando seus problemas. As professoras Deia Maria
dos Santos, Superintendente da Pró-Reitoria de Ensino de
Graduação (PR-1), e Suely Souza de Almeida, Decana
do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH), dão
sua opinião sobre o assunto.
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Déia
Maria dos Santos
Superintendente da Pró-Reitoria
de Ensino
de Graduação e Corpo Discente (PR-1)
“É
uma falácia dizer que o Ensino Superior de boa qualidade
das universida-des públicas tira qualquer tipo de
possibilidade de investimento no ensino médio. A
universidade é uma instituição que
não constrói uma relação professor
x aluno da mesma maneira que acontece numa escola. Os docentes
dessa instituição necessitam de qualificação
permanente, o que acarreta custo maior, pois o quadro de
professores deve prever a saída daqueles que irão
se qualificar não só no mestrado ou no doutorado,
mas na obtenção do pós-doutorado e
nas visitas e viagens a outras instituições
de ensino. Isso não deve ser visto como um fardo
e sim como um investimento. Já é comprovado
que a maior parte da pesquisa científica se faz na
universidade pública, como também os grandes
avanços tecnológicos na área de agricultura,
meio-ambiente, tecnologia e saúde se dão exatamente
através das pesquisas desenvolvidas nessas instituições.
Mesmo para o aluno que vai para área da licenciatura,
é importante ter experiência vinculada à
utilização do método científico,
premissa fundamental para que esse futuro professor estimule
seus alunos de ensino fundamental e médio a desenvolverem
uma linha de raciocínio lógico e crítico.
Isso é uma formação que não
se faz sem custo. Enquanto a educação não
for vista como sistema integrado que ofereça e estimule
a independência científica, tecnológica,
cultural e de pensamento político, estaremos mal”.
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Suely
Souza de Almeida
Decana do Centro de Filosofia e Ciências
Humanas (CFCH)
“Bom,
eu penso que é absolutamente fundamental investir
na educação básica no país.
Investir-se na formação docente para que
haja uma educação básica de qualidade;
o que não supõe reduzir os inves-timentos
no ensino superior, muito pelo contrário, eu penso
que é importante o investimento no aluno do ensino
superior, na universidade pública, porque é
uma universidade que apresenta uma formação
diferenciada de alta qualidade que envolve docentes que
têm longos anos de qualificação, na
sua maioria doutores. Portanto, é um ensino associado
à formação de pesquisadores, à
formação de uma massa crítica voltada
para a produção da ciência, da tecnologia.
É um ensino que é realimentado por projetos
sociais de intervenção na realidade brasileira,
portanto é importante que tenhamos universidades
públicas de qualidade com acesso democrático.
Há um equívoco muito grande quando os meios
de comunicação divulgam que os nosso alunos
fazem parte da elite. Estudos realizados mostram que o
nível de pauperização dos nossos
alunos é crescente na maioria absoluta dos cursos.
É claro que há cursos em que há alunos
com o perfil sócio-econômico mais elevado,
mas são exceções. Logo, é
importante que haja mecanismos de inclusão destes
alunos, de permanência destes estudantes nos nossos
cursos, como, por exemplo, a criação de
bolsas de graduação, de iniciação
científica, de extensão e o desenvolvimento
de políticas de assistência estudantil, como
os restaurantes universitários, alojamentos com
qualidade, assistência médica. São
mecanismos que visam a redução dos índices
de evasão existentes que estão associados
evidentemente à falta de condições
financeiras para que o aluno se mantenha na universidade
pública. E uma outra medida importante é
que haja plena ocupação das nossas vagas
ociosas. Penso que um projeto que priorize a educação
no país deve priorizar igualmente a educação
básica, que envolve ensino fundamental e ensino
médio, e o ensino superior.”
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