De Olho na Mídia

 
13.01.2004  
   

Aloísio Teixeira no prêmio Faz Diferença
Economista chega a reitoria da UFRJ com apoio da comunidade e destaca a importância da universidade na área social

Se há cinco anos o economista Aloísio Teixeira ficou indignado ao saber que não assumiria a reitoria da UFRJ, apesar de ter tido 42,6% dos votos da comunidade universitária, hoje ele agradece por só ter chegado ao cargo em maio deste ano, desta vez com 68% da preferência dos alunos, professores e funcionários da universidade. A experiência adquirida nos últimos anos ajudou Aloísio a compreender melhor os problemas da instituição que, segundo ele, penou nos últimos anos:
– É bem melhor ser reitor agora, num governo que tem um ministro sensível à situação das universidades, afetadas nos últimos anos pela redução sistemática de recursos. A UFRJ sofreu com a inexistência de um reitor para defende-la.
As reclamações podem ser inevitáveis, mas Aloísio não perde tempo com lamúrias. Nos seis primeiros meses de mandato, elaborou planos que já entraram em ação, como programas que levam os universitários a comunidades como o Complexo da Maré, vizinho ao campus. Outra novidade foi a assinatura de um convênio com a Prefeitura do Rio para a criação de um Centro de Treinamento Olímpico, no Fundão.
– Para a Maré, por exemplo, enviaremos um grupo de 30 alfabetizadores. Mas não vamos lá com perspectiva assistencialista. É para gerar conhecimento – diz Aloísio, que também montou um comissão para elaborar uma proposta para democratizar o acesso aos cursos da universidade.
Aloísio conta que quando soube de sua indicação para o Prêmio Faz Diferença quis chamar os outros dois indicados para conversar sobre novos projetos na área social. O reitor adiou o plano por problemas de saúde, mas a idéia está de pé.
– Tenho a dizer, mas muito a aprender. Parece frase feita, não? – diz Aloísio, sorrindo. – Na área social os atores não competem entre si, cooperam para que seus programas tenham êxito. A universidade pode fazer parte dessa junção.
Aloísio concorreu ao prêmio com o professor da UFF Jailson de Souza e Silva e com o grupo Afro-Reggae, de Vigário Geral. Jaílson já faz parte da rede social que o reitor montou na UFRJ.
– Ao assumir a reitoria ele foi ao Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré acertar parcerias e almoçamos no Bar da Galega, um dos preferidos da região – conta Jaílson, um dos fundadores do Ceasm.
Para o Aloísio, comer num restaurante popular pode ser tão prazeroso quanto assistir a uma ópera no Teatro Municipal, um de seus programas favoritos. Mas nos últimos meses o reitor, de 59 anos, teve pouco tempo para o lazer. Passa cerca de 12 horas por dia na UFRJ, mas está tranqüilo. Era isso o que queria desde 1998, quando foi o mais votado para o cargo, mas o então ministro da Educação, Paulo Renato Souza, indicou o candidato menos votado da lista, José Henrique Vilhena, que teve 11,14% da preferência.
– Tudo o que o Aloísio ganhar é merecido. É um belo economista, um belo professor, um bom dirigente universitário e um bom brasileiro – resume Carlos Lessa, presidente do BNDES e ex-reitor da UFRJ.

Ediane Merola
O Globo - Especial
Publicado em 28 de dezembro de 2003

 

 

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