Aloísio
Teixeira no prêmio Faz Diferença
Economista chega a reitoria da UFRJ com apoio da comunidade
e destaca a importância da universidade na área social
Se há
cinco anos o economista Aloísio Teixeira ficou indignado
ao saber que não assumiria a reitoria da UFRJ, apesar de
ter tido 42,6% dos votos da comunidade universitária, hoje
ele agradece por só ter chegado ao cargo em maio deste ano,
desta vez com 68% da preferência dos alunos, professores e
funcionários da universidade. A experiência adquirida
nos últimos anos ajudou Aloísio a compreender melhor
os problemas da instituição que, segundo ele, penou
nos últimos anos:
– É bem melhor ser reitor agora, num governo que tem
um ministro sensível à situação das
universidades, afetadas nos últimos anos pela redução
sistemática de recursos. A UFRJ sofreu com a inexistência
de um reitor para defende-la.
As reclamações podem ser inevitáveis, mas Aloísio
não perde tempo com lamúrias. Nos seis primeiros meses
de mandato, elaborou planos que já entraram em ação,
como programas que levam os universitários a comunidades
como o Complexo da Maré, vizinho ao campus. Outra novidade
foi a assinatura de um convênio com a Prefeitura do Rio para
a criação de um Centro de Treinamento Olímpico,
no Fundão.
– Para a Maré, por exemplo, enviaremos um grupo de
30 alfabetizadores. Mas não vamos lá com perspectiva
assistencialista. É para gerar conhecimento – diz Aloísio,
que também montou um comissão para elaborar uma proposta
para democratizar o acesso aos cursos da universidade.
Aloísio conta que quando soube de sua indicação
para o Prêmio Faz Diferença quis chamar os outros dois
indicados para conversar sobre novos projetos na área social.
O reitor adiou o plano por problemas de saúde, mas a idéia
está de pé.
– Tenho a dizer, mas muito a aprender. Parece frase feita,
não? – diz Aloísio, sorrindo. – Na área
social os atores não competem entre si, cooperam para que
seus programas tenham êxito. A universidade pode fazer parte
dessa junção.
Aloísio concorreu ao prêmio com o professor da UFF
Jailson de Souza e Silva e com o grupo Afro-Reggae, de Vigário
Geral. Jaílson já faz parte da rede social que o reitor
montou na UFRJ.
– Ao assumir a reitoria ele foi ao Centro de Estudos e Ações
Solidárias da Maré acertar parcerias e almoçamos
no Bar da Galega, um dos preferidos da região – conta
Jaílson, um dos fundadores do Ceasm.
Para o Aloísio, comer num restaurante popular pode ser tão
prazeroso quanto assistir a uma ópera no Teatro Municipal,
um de seus programas favoritos. Mas nos últimos meses o reitor,
de 59 anos, teve pouco tempo para o lazer. Passa cerca de 12 horas
por dia na UFRJ, mas está tranqüilo. Era isso o que
queria desde 1998, quando foi o mais votado para o cargo, mas o
então ministro da Educação, Paulo Renato Souza,
indicou o candidato menos votado da lista, José Henrique
Vilhena, que teve 11,14% da preferência.
– Tudo o que o Aloísio ganhar é merecido. É
um belo economista, um belo professor, um bom dirigente universitário
e um bom brasileiro – resume Carlos Lessa, presidente do BNDES
e ex-reitor da UFRJ.
Ediane Merola
O Globo - Especial
Publicado em 28 de dezembro de 2003
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