Ponto de Vista

Poesia em debate

Matheus Guedes

 

“II Encontro do Fórum de Literatura Brasileira Contemporânea” marcou a semana de modo especial ao trazer o professor Antonio Carlos Secchin, imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL), e a professora Janice Caiafa para debater a poesia brasileira nos dias de hoje.

Heterodoxamente, a mesa não foi formada por palestras, mas por entrevistas, como esclareceu o professor Dau Bastos, organizador do evento.

Janice Caiafa respondeu perguntas sobre a relação entre a Antropologia – disciplina que leciona – e poesia, as dificuldades encontradas para traduzir uma obra e sua produção literária. Segundo ela, antropologia e  poesia se alimentam, os dois fazem crescer um ao outro.

Antonio Carlos Secchin  foi questionado sobre ser conservador ou contestador, uma vez que é membro da ABL e escreve de modo pouco convencional. Para ele, as posições não são excludentes, “o poeta deve visitar mais de um tipo de poesia para não ficar aprisionado a um conceito pré-definido”.

Quando questionado sobre a tarefa do escritor, Secchin foi enfático a declarar que é possível ensinar a fazer versos, mas impossível ensinar a fazer poesia. Segundo ele, um escritor como João Cabral de Melo Neto não é formado numa escola para poetas, a habilidade exigida vem do poeta.

A professora Maria Lucia, mediadora da mesa, encerrou a sessão levantando um breve debate sobre o abismo na poesia. Os debatedores convergiram para a postura de que a poesia como linguagem deve se lançar no abismo das coisas naturais para realizar o resgate dentro desse lugar nenhum que é o abismo.

 

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