No Foco

A implosão da ala sul do HUCFF

Bruno Franco

 
 

Não-ocupada desde a inauguração do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), em 1978, a ala sul do hospital será implodida no dia 19 de dezembro. Essa operação – há muito discutida na universidade – tornou-se inevitável após o rompimento de dois pilares do bloco A3, em junho deste ano, sem qualquer carga adicional sobre eles. A decisão foi tomada em conjunto pela Comissão de Planejamento da Reitoria, a Administração Geral do HUCFF e a Defesa Civil Estadual.

A demolição manual da ala inativa custaria cinco vezes mais aos cofres públicos, o que justificou a escolha da implosão como forma de solução para o problema estrutural dessa parte do prédio. O comitê de engenheiros que estudou o caso decidiu pela separação física entre as partes inativa e ativa do hospital, de forma que a implosão não afete estruturalmente a área remanescente.

Em um processo de licitação, do qual participaram cinco empresas, foi escolhida para realizar os procedimentos técnicos da implosão, a Fabio Bruno Construções, responsável por duas implosões famosas no Rio de Janeiro: a do edifício Palace II e a do presídio Frei Caneca.
 
Como pode ser visto por qualquer pessoa que passe pelos arredores da Cidade Universitária, ou mesmo adentre o campus, os engenheiros da empresa decidiram separar fisicamente as duas alas do hospital (com a distância de 20m) para minimizar a taxa de vibração até próximo a zero. Com isso, está descartada a hipótese de risco à estrutura da ala ativa do HUCFF. Durante a implosão, a empresa usará quatro sismógrafos para medir a vibração causada pelos explosivos.

Conforme explicou, em audiência pública, o professor Pablo Benetti, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) e coordenador do Comitê Técnico do Plano Diretor (CTPD). A energia do HUCFF será desligada 30 minutos antes da implosão e religada 30 minutos após o procedimento. O Centro de Ciências da Saúde (CCS) — ao contrário do que temiam muitos pesquisadores presentes à audiência transcorrida no auditório Quinhentão, desta decania – não terá a energia desligada, sendo descartados, portanto, os temores de que os biotérios e freezeres de cultivo de microorganismos pudessem ser comprometidos. A decania será esvaziada no dia da implosão, somente como medida de precaução.

Uma área de 200m de raio, em torno do HUCFF, será isolada. De acordo com Giordano Bruno, sócio da Fábio Bruno Construções, essa é uma medida extra de segurança, pois a faixa de isolamento recomendada para esse tipo de  implosão é de 50m e a ala a ser implodida será completamente coberta com camada de até quatro telas de material impermeável, que minimizará a projeção de destroços e mesmo de poeira. O bloco A do CCS também será coberto com telas.

O trânsito na Cidade Universitária será interrompido uma hora antes do procedimento, previsto para as 8h, e será liberado 10 minutos após o término. A Prefeitura Universitária estima que a implosão do HUCFF gerará 50 mil m³ de entulho (125 mil toneladas de concreto) e que serão necessários quatro meses para  completa remoção.

Segundo o subcomandante do 17º Batalhão da Polícia Militar (Ilha do Governador), Ramiro Oliveira Campos, o trânsito da Ilha do Governador não precisará ser completamente fechado. “Para o fluxo em direção ao centro da cidade, os motoristas poderão utilizar a alça viária que liga a Ilha à Baixada Fluminense, seguindo pela rodovia Washington Luís e, finalmente, a Avenida Brasil”, informou o subcomandante.

 

Cronograma provisório


O cronograma provisório para a implosão prevê que no dia 1º de novembro serão interrompidas progressivamente as internações até que no dia 30/11 sejam feitos os últimos atendimentos ambulatoriais. As aulas práticas poderão ser ministradas no HUCFF até o dia 1º de dezembro, quando, já com o hospital sem pacientes, serão iniciados os preparativos internos e externos ao prédio. As atividades de ensino serão interrompidas no dia 10/12 e no dia 19/12, será feita, enfim, a implosão da ala sul.

No dia 21/12, será feita avaliação técnica da integridade do HUCFF e terá início a limpeza dos escombros. Os funcionários retornarão ao trabalho no dia 3 de janeiro de 2011 e no dia 10/01 as atividades do hospital serão normalizadas. As atividades ambulatoriais do Instituto de Pediatria e Puericultura Martagão Gesteira (IPPMG) seguirão o cronograma do HUCFF.

Conforme a decana Maria Fernanda Quintela explicou na audiência pública do dia 27/09, o cronograma de atividades do CCS também sofrerá alterações em função da implosão. No dia 10/12 o centro começará a ser preparado e cada laboratório será responsável pela proteção dos  equipamentos sensíveis à poeira. A decana recomendou que as janelas sejam todas fechadas e que a embalagem do maquinário seja feita com sacos plásticos pretos fechados com fita crepe ou que os mesmos sejam vedados com filme plástico. As atividades serão retomadas progressivamente a partir do dia 20/12.

Quem tiver dúvidas acerca dos procedimentos e consequências da implosão da ala sul do HUCFF pode enviar perguntas à decania do CCS, acessando o seguinte  link.