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UFRJ debate ações afirmativas para ampliação do acesso

Aline Durães

Foto:Marco Fernandes
 

A necessidade de ampliar o acesso de jovens aos cursos de Graduação da UFRJ é um dos temas mais debatidos pela comunidade acadêmica na atualidade. A Reitoria vem organizando uma série de encontros com o objetivo de discutir propostas para o acesso à universidade, como medidas afirmativas e de permanência.

A intenção dos debates é apresentar a proposta de acesso e permanência idealizada pela Administração Central da UFRJ. A Reitoria sugere que 50% das vagas oferecidas em cada curso sejam preenchidas por candidatos selecionados pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) através do Sistema de Seleção Unificada (Sisu); destas, 20% serão destinadas àqueles cuja renda familiar per capita não exceda  a um salário mínimo. As outras vagas deverão ser preenchidas por meio de concurso de acesso próprio.

Para facilitar a permanência dos estudantes nos cursos, a universidade pretende oferecer disciplinas introdutórias – como Português, Inglês, Cultura Brasileira, Computação, Matemática – aos ingressantes. Cogita-se também a criação de programas de bolsas de graduação (monitoria), de pós-graduação (tutoria) e para docentes orientadores dos estudantes envolvidos no processo de apoio acadêmico.

O próximo debate da Reitoria com a comunidade universitária acontece no dia 9 de agosto, às 16h, no Auditório Professor Manoel Maurício de Albuquerque, localizado no prédio da Decania do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH), no campus da Praia Vermelha.

Romper com a desigualdade

O relatório “Alternativas de Acesso e Permanência na Educação Superior”, apresentado pela pró-reitora de Extensão (PR-5), Laura Tavares, na última Plenária de Decanos e Diretores, realizada no último dia 26 de julho, no Centro de Tecnologia, mostrou a necessidade de o acesso ao Ensino Superior no Brasil ser repensado.

O documento aponta o Brasil como um país que ainda apresenta baixas taxas de acesso de jovens às universidades. De acordo com a apresentação, que se baseou nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2008, 13,85% dos jovens entre 18 e 24 anos cursam o Ensino Superior no Brasil e apenas 3,71% o fazem em instituições públicas. Dos estudantes do ensino médio, 84,8% estão em escolas públicas, mas apenas 23,73% dos estudantes do ensino superior cursaram o antigo segundo grau em escolas mantidas pelo Estado.

No Rio de Janeiro, são quase 200 mil estudantes da rede pública de ensino médio que ficam de fora de instituições universitárias. O relatório de informações socioculturais dos classificados para a UFRJ, em 2009, mostrou, por exemplo, que apenas 24,09% dos jovens tinham cursado o ensino médio exclusivamente em escolas públicas.

A apresentação evidenciou também que 60,22% do total de alunos matriculados em escolas públicas de Ensino Médio possuíam rendimento familiar per capita de até um salário mínimo. Na UFRJ, 15,05% dos ingressantes em 2009 possuem renda mensal familiar de até três salários.