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Escola Politécnica vai às urnas

Ana Paula Monte


Na próxima terça, dia 24, a Escola Politécnica da UFRJ inicia processo eleitoral para eleger seu novo diretor. Ericksson Rocha e Almendra disputa a reeleição contra o professor Cláudio Fernando Mahler. Alunos, docentes e funcionários terão até o dia 26 de novembro (quinta-feira) para escolherem seu candidato. A apuração ocorrerá imediatamente após o fim da votação. O nome indicado nas urnas será enviado ao reitor Aloisio Teixeira, que dará posse ao eleito.

Para saber um pouco mais sobre as principais ideias e propostas das chapas, o Olhar Virtual conversou com os dois candidatos:

Quais são as principais propostas da chapa?

Ericksson Rocha e Almendra: Como candidato à reeleição, é mais fácil avaliar o que fizemos e no que fomos bem-sucedidos. A Escola Politécnica vem funcionando em bases completamente diferentes. Os alunos são atendidos em uma secretaria moderna e eficiente. Digo em primeira mão que eles vão passar a tirar declarações autenticadas diretamente de casa e sequer vão precisar vir até aqui.

Também houve uma uniformização administrativa dos cursos. Já existia uma comissão coordenadora para esse assunto, mas nós reforçamos esse mecanismo. Hoje, dificilmente, você vai encontrar um aluno dizendo que na Engenharia Eletrônica pode fazer tal coisa e na Mecânica, não. Hoje o acadêmico da Escola Politécnica fala a mesma língua para todos.

Outro aspecto importante foi o apoio que demos aos professores com iniciativas metodológicas diferentes. São tendências mundiais no ensino de Engenharia a diminuição das aulas e o aumento do envolvimento de alunos em projetos. Isso motiva os alunos e diminui a evasão.

Além disso, a Escola Politécnica hoje é internacional. Quinze por cento dos alunos formados por nós terão passado um ano no exterior. Esse é um índice brasileiro que só perde para universidades europeias. Existe uma política interna de intercâmbio que não se compara a outras unidades. E o melhor é que isso é feito de uma maneira muito democrática, com a maioria dos estudantes viajando com bolsas.

Cláudio Fernando Mahler: Vamos buscar índice 5 para todos os cursos na avaliação do MEC. Não tem sentido a Escola Politécnica tirar menos do que isso. É a escola mais antiga da América Latina, tem boa parte dos melhores alunos do Estado do Rio de Janeiro, grande número de professores. Falta organização, foco, motivação, além da distância da Coppe. Por essas razões, temos tirado índice 4 nos cursos antigos, como acontece com universidades públicas e privadas no resto do Brasil.

Qual a opinião em relação ao Plano Diretor?

Cláudio Fernando Mahler: Já participei de algumas reuniões e creio que ele vem sendo bem conduzido. Temos que ser incisivos em alguns aspectos, como a chegada do metrô à Cidade Universitária o mais rápido possível, melhoria das condições de saída da ilha etc.

Ericksson Rocha e Almendra: Estou aqui desde 1972 e nunca vi a universidade com tanto dinheiro. Acho que devemos aproveitar isso da melhor forma possível, completando a transição de todas as unidades para a Cidade Universitária. Gostaria que meus alunos não estudassem só Engenharia e Cálculo. Queria que tivessem acesso a disciplinas de Ciências Sociais, Comunicação, e isso seria mais fácil com todas as unidades aqui.

Na sua opinião, quais são os  problemas existentes no Centro de Tecnologia (CT)?

Ericksson Rocha e Almendra: Eu vejo o CT em um momento interessante. Do ponto de vista físico, melhorou muito. O ambiente está mais limpo com a coleta de lixo, existe mais segurança. Academicamente, a integração entre as escolas está evoluindo. A Coppe e a Poli estão mais próximas, resolvendo os problemas rapidamente. Hoje existem cursos que são iniciativas conjuntas de várias unidades, como a Engenharia Ambiental, por exemplo.
 
Cláudio Fernando Mahler: Falta diálogo entre os diretores e uma aproximação da Escola Politécnica como a Coppe e a Decania. Temos o melhor decano que o CT jamais teve depois do professor Russo, que também foi um bom decano, mas sem o carisma, a paciência e o lado zen do professor Walter. O ideal para os próximos quatro anos no CT é um diretor da Escola Politécnica que saiba dialogar com os outros diretores, tenha uma equipe atuante, valorize seus colegas, respeite profundamente as diferenças de opinião e esteja próximo ao decano.

Muitas unidades do CT reclamam da falta de espaço, da falta de salas de aula e laboratórios. Esse é um problema da Poli?

Cláudio Fernando Mahler: O CT tem um problema sério de espaço, causado em parte pelo individualismo dos professores e dificuldades da direção do CT em tratar desse problema. Temos conversado sobre esse assunto há anos e, certamente, quando diretores da Escola, vamos colocá-lo em discussão e exigir soluções adequadas que atendam às necessidades mais urgentes. A Escola Politécnica  precisa de espaço para os novos cursos. A Fluxo – empresa júnior de consultoria sobre Engenharia da UFRJ – nos mostrou suas necessidades de mais espaço, e certamente diversos departamentos e professores precisam de espaço. O CT está se expandindo e queremos participar dessa expansão. Sugerimos para a Fluxo a construção de uma casa usando novos conceitos de aproveitamento térmico do solo, materiais etc. É um projeto de interesse para a Escola Politécnica e para a UFRJ.

Ericksson Rocha e Almendra: Efetivamente, estamos com problema na Poli de excesso de alunos. No entanto, no caso da Poli, a razão disso é devido à diminuição da evasão. Cerca de 700 ou mais apareceram, de matrícula ativa. As ações na Poli para aumentar as vagas fizeram com que entrassem 140 novos alunos.

Na sua visão, qual a importância da Poli em termos de pesquisa? Como integrar ensino, pesquisa e extensão?

Ericksson Rocha e Almendra: Por motivos históricos, essas três atividades  dividiram de uma maneira ruim as unidades no CT. Ficamos com uma unidade formalmente responsável pela pós e pesquisa, e outra pela graduação. É um modelo que só existe aqui. E o pior é que, embora separadas, as instituições não são diferentes. Temos praticamente os mesmos professores, a mesma base operacional, mas com dois chefes diferentes. Na Poli, existe um percentual fixo que é destinado exclusivamente ao setor de extensão. Também vamos incluir no currículo de nossos cursos atividades complementares

Cláudio Fernando Mahler: A Poli não deve ser apenas uma excelente escola de graduação de Engenharia. Ela tem todas as condições de fazer pesquisa de ponta, com ou sem a Coppe. Ela tem mostrado isso e, obviamente, será muito melhor para todos se a Poli e a Coppe conseguirem se integrar e trabalhar juntas. Integrar ensino, pesquisa e extensão vem sendo feito por diversos professores. A direção da escola pode e deve fortalecer essa integração. Um bom exemplo de oportunidade de integrar ensino, pesquisa e extensão é o projeto “Recicla CT” da Decania, que ainda não tem tido o apoio merecido da Poli. Trabalhos de fim de curso, teses de mestrado e doutorado poderão em breve estar vinculados ao projeto, que pode também ser usado nos cursos de resíduos da Poli e da Coppe (ensino).

Quais são as perspectivas para esses quatro anos de mandato?

Cláudio Fernando Mahler: Muito diálogo, atenção para os colegas professores, funcionários e alunos. Uma administração de portas abertas. Quando fui diretor de ensino, de 86 a 90, o diretor-geral era o professor Antonio Cláudio. Conseguimos fazer uma boa administração de portas abertas, muito diálogo com a Decania, com os institutos de Física, Química e Matemática;  todos os alunos que passaram pela escola nessa fase se lembram do período com muito carinho e saudade.

Ericksson Rocha e Almendra: Do ponto de vista internacional, ainda dá para crescer mais. Em relação aos intercâmbios, chegar ao índice europeu de 20%. Gostaria também de aumentar a quantidade de estrangeiros nas nossas salas de aula. É importante que os alunos convivam com os de outros países. Formamos os melhores engenheiros da região, os que vão trabalhar nas grandes empresas, que precisam de alunos com uma formação multicultural. Engenharia de qualidade hoje é uma atividade internacional.

Também quero aumentar o número de vagas. O Brasil precisa de engenheiros. Só 5% da população estudam Engenharia. Se observar as universidades de outros países em desenvolvimento, você vê que a proporção de engenheiros é muito maior.