Plano Diretor

Plano Diretor avalia destino da “perna seca” do HU

Diego Paes e Marcello Corrêa

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O problema com que conviveu o Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF) por praticamente toda sua existência pode ganhar uma solução nos próximos anos. Apelidado de “perna seca”, o prédio hoje vazio era parte do projeto inicial do Hospital, mas foi abandonado com o passar do tempo. Entretanto, de acordo com as diretrizes do Plano Diretor UFRJ 2020, disponíveis no portal da UFRJ, definir o que fazer com o edifício é tarefa urgente.

Laudos técnicos, como o que obrigou o antigo Núcleo de Estudos em Saúde Coletiva (hoje Instituto de Estudos em Saúde Coletiva) a abandonar o prédio, em 2003, levam o comitê técnico do Plano Diretor a crer que a melhor maneira de lidar com o problema é a demolição, já que os custos da obra são considerados inviáveis. O documento sugere que “seria recomendável a demolição, parcial ou total, da edificação completamente degradada”, lembrando, ainda que a decisão deve contar com a avaliação do Centro de Ciências da Saúde. As ações voltadas para a “perna seca” estão incluídas no Plano de Desenvolvimento da Cidade Universitária.

— Esta é uma boa oportunidade para atrair instituições de saúde para ampliar os serviços que a UFRJ oferece à sociedade, servindo também como campo para a experimentação acadêmica dos alunos do CCS —, comenta Pablo Benetti, presidente do comitê. O professor considera que a melhor solução é a demolição e confirma que é fundamental a participação das unidades de saúde ligadas ao problema, sugerindo alternativas para a ocupação do local.

A opinião do Hospital

Para Alexandre Pinto Cardoso, diretor do HU, a situação é muito delicada. Segundo o professor, decidir-se pela demolição não é uma tarefa tão simples, pelos valores históricos e subjetivos envolvidos. “Do ponto de vista estético e afetivo, meu pronunciamento é no sentido de preservá-lo”, opina. Apesar disso, o diretor admite que os investimentos necessários para a empreitada seriam “vultuosos”, avaliados na ordem de R$ 140 milhões.

Cardoso destaca que a preservação da estrutura não estaria ligada a uma demanda efetiva da área assistencial do Hospital. Hoje, o HU tem capacidade para cerca de 500 leitos, 1.000 a menos do que o projeto inicial. “Não temos necessidade de ampliar a parte assistencial do Hospital. Temos hoje cerca de 500 leitos e, hoje em dia, não se admite, do ponto de vista funcional e econômico, hospitais de proporções muito maiores que essas”, explica o diretor, referindo-se ao projeto inicial, datado da década de 1950.

A idéia de usar o espaço para atividades acadêmicas faz sentido para o professor, que ressalta, quando o Hospital foi inaugurado, que diversos cursos ainda não existiam, como Fisioterapia e Fonoaudiologia. “Haveria a possibilidade de ampliarmos o número de salas de aula, laboratórios, portanto atividades ligadas ao hospital, mas não essencialmente na área assistencial”, propõe Alexandre Cardoso.

O professor destaca, ainda, que, além de revisitar o problema da “perna seca”, é fundamental dar uma atenção especial à área em funcionamento do Hospital. “Simultaneamente a um eventual processo de demolição, teríamos que fazer um projeto para recuperação da infra-estrutura existente; há uma série de questões que precisam ser vistas no prédio do HU, muito antigo”, avalia Cardoso. “Não faz sentido apropriar recursos para a desconstrução e sem também empregá-los na parte que funciona e precisa deles”, completa.

Além da decisão sobre a “perna seca”, o Plano Diretor 2020 da UFRJ, prevê outras propostas para o campus, como a integração da Universidade com as comunidades do entorno e soluções para o transporte interno na Cidade Universitária. O documento está disponível em www.ufrj.br/planodiretor.