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Graduação em Saúde Coletiva: pioneirismo e interdisciplinaridade

Sofia Moutinho- AgN/Praia Vermelha

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No dia 3 de julho foram aprovados, em sessão extraordinária do Conselho Universitário, novos cursos de bacharelado na UFRJ, entre eles o de Saúde Coletiva, pioneiro no país. A proposta de criação do curso, elaborada em 2001 por uma comissão de docentes de diferentes áreas do campo da Saúde Coletiva, foi encaminhada aos órgãos superiores da comunidade acadêmica da UFRJ no ano passado, após a transformação do Instituto de Estudos de Saúde Coletiva (IESC) em unidade acadêmica.

Segundo a coordenadora do curso e vice-diretora do IESC, Maria Cláudia Vater, a nova graduação pretende “capacitar profissionais para atuarem no campo da saúde, inclusive nas formas de organização e planejamento e na execução de ações em Saúde Coletiva, aptos a responder às contínuas mudanças tecnológicas das próprias instituições de saúde”.

Já estão abertas, desde 1º de agosto, as inscrições do concurso Vestibular para entrada no curso que tem duração mínima de 8 semestres e máxima de 12, além de horário integral. A prova de acesso específica, a ser realizada no dia 23 de novembro, conta com questões de Química, Biologia e Física. Serão oferecidas 40 vagas no primeiro semestre de cada ano e ainda não há previsão de aumento deste número. “Antes de pensarmos em ampliação de vagas, é necessário consolidar este enorme avanço e inflexão da UFRJ na construção deste campo do saber”, comentou Maria Cláudia, que revelou já estar em andamento um projeto para a construção de novas instalações físicas no IESC, para a acomodação das próximas turmas. Além disso, o quadro docente do instituto também está sendo ampliado.

A Saúde Coletiva é um campo de saber e de práticas que se referem à saúde como fenômeno social e de interesse público; ela se baseia em um tripé interdisciplinar composto pela Epidemiologia, Administração e Planejamento em Saúde e Ciências Sociais em Saúde. Ela propõe um novo modo de organização do processo de trabalho em saúde que enfatiza a prevenção de riscos, a reorientação da assistência aos doentes e a melhoria da qualidade de vida.

A graduação em Saúde Coletiva formará sanitaristas, profissionais capacitados para a pesquisa e análise das condições de saúde da população. “É importante destacar que o curso não pretende sobrepor ou substituir quaisquer outras Graduações existentes. Pelo contrário, o egresso deste curso deverá ser capaz de cooperar com os demais profissionais, trazendo para o campo da saúde uma formação com conteúdos das ciências biológicas, das ciências exatas, das ciências humanas e sociais, além dos conteúdos específicos do campo da Saúde Coletiva” disse a coordenadora.

Antes desta Graduação, a formação em Saúde Coletiva ocorria basicamente na Pós-graduação. Agora o aluno terá sua formação desde o início do curso voltada para a área, com atividades integradas aos serviços de saúde desde o primeiro período. Os conteúdos do novo curso estão organizados de modo a promover o diálogo interdisciplinar. O corpo docente será constituído por professores não só do IESC, mas também do Instituto de Biologia (IB), do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) e do Núcleo de Tecnologia Educacional para a Saúde (NUTES). As atividades integradas de saúde terão como campo de prática diversas instituições como as Unidades Básicas de Saúde (UBS), os Postos de Saúde (PS), Centros Municipais de Saúde (CMS), Secretarias Municipais de Saúde e estaduais, Ministério da Saúde, Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (FEEMA), Companhia Estadual de Água e Esgotos (CEDAE), Conselhos de Saúde, Associação de Moradores e hospitais em geral, além das unidades da UFRJ como o Hospital Universitário Clementino Fraga.

Iniciativas semelhantes estão em andamento no Instituto de Saúde Coletiva da Bahia e na Universidade Federal de Goiás. Maria Cláudia ressaltou a importância da universidade para a sociedade e para o desenvolvimento da área da saúde, lembrando que o projeto do Sistema Único de Saúde (SUS) foi concebido por pesquisadores e professores universitários. Ela afirmou que a consolidação do SUS exige a participação da universidade através de “um investimento contínuo na formação de quadros capazes de combinar a pesquisa, a renovação das idéias e a formulação de estratégias alternativas capazes de enfrentar com criatividade os grandes desafios do setor da saúde”.

O curso de graduação em Saúde Coletiva, segundo a coordenadora, se justifica como resposta à expansão atual deste campo no Brasil e a universidade pública tem “um dever insubstituível na formação dos indivíduos e na produção do pensamento crítico nos vários campos do saber”.