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Novos rumos para o Ensino e a Pesquisa na UFRJ

Aline Durães

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No próximo dia 31 de julho, Belkis Valdman, docente da Escola de Química (EQ) e Angela Uller, professora do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pesquisa e Pós-graduação de Engenharia (Coppe), assumem, oficialmente, as Pró-reitorias de Graduação (PR-1) e de Pós-graduação e Pesquisa (PR-2). As pesquisadoras, que ocupam pela primeira vez cargos da administração central da UFRJ, pretendem imprimir mudanças nos níveis de Ensino e de Pesquisa da universidade.

Belkis, que integrou a comissão de avaliação das propostas das unidades para o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), aponta essa experiência como uma das motivações que lhe fizeram aceitar o convite do reitor Aloísio Teixeira para a direção da PR-1. A professora prevê a possibilidade de implementar os projetos pedagógicos de cursos novos apresentados pelos institutos e garante ser esse o momento de a universidade repensar a Graduação, oferecendo novas possibilidades à sociedade.

A ex-diretora da EQ destaca a flexibilização dos curricula, através da inserção das atividades de Extensão e de atividades à distância para os cursos presenciais, o combate à evasão de estudantes, mediante a elaboração de um diagnóstico que identifique as suas causas, e a formulação de mecanismos de entrada alternativos ao vestibular, como alguns dos projetos para a sua gestão: “Outra função da PR-1 será a de estimular discussões sobre cursos básicos gerais. Esse é um assunto que está em discussão aqui já há algum tempo. Não foi uma questão levantada agora apenas em função do decreto do Reuni. Os próprios Centros estão debatendo formações diferenciadas, que ajudem os alunos a se definirem em suas carreiras, há mais de um ano”, salienta a docente.

Para implementar essas mudanças, Belkis julga ser essencial a reformulação dos regulamentos da universidade e a diminuição da burocracia: “Nossa preocupação é o procedimento administrativo que deve acompanhar essas transformações. Não acabaremos com a burocracia, mas teremos que nos adaptar a uma estrutura que permita a flexibilização e os cursos intercentros e interunidades, o que inclui mudar resoluções de regulamentos e outros elementos burocráticos”, ressalta.

Já Angela Uller, futura dirigente da PR-2, pretende reproduzir na pró-reitoria algumas iniciativas que obtiveram sucesso quando implantadas na Coppe. A principal delas é a criação de uma agência de valorização do conhecimento. Segundo Angela, essa agência, ainda sem nome definido, poderá realizar estudos de futuro, que viabilizem a instituição de novas áreas interdisciplinares, além de trabalhar junto à captação de recursos, o que inclui a busca por financiamentos internacionais para a Pesquisa na UFRJ.

A ex-diretora da Coppe adianta que irá dar especial atenção às Ciências Humanas e Sociais: “devemos olhar para aquelas áreas que não são cobertas pelos editais de fundos setoriais, até porque seria muita arrogância achar que a Ciência tem a ver apenas com as áreas tecnológicas. As áreas de Ciências Humanas e Sociais, muitas vezes, não estão contempladas por esses fundos, mas precisam ter produção na Pesquisa e na Pós-graduação”, avalia a professora, enfatizando que consolidar o doutorado na universidade é outro dos objetivos da nova gestão da PR-2.

Para efetivar seus projetos, Angela Uller intenta verificar pessoalmente as demandas de todas as unidades da UFRJ: “Um pró-reitor não vai executar ações, ele será mais um animador, um facilitador para que as unidades se juntem, para que elas entendam as novas realidades nas quais se insere a universidade. Pretendo ver o que é necessário fazer para que progridamos na Pós-graduação o que queremos progredir na Graduação”, informa.

Desafio e reconhecimento

Belkis e Angela consideram o desafio de gerir as pró-reitorias como um reconhecimento do trabalho realizado ao longo dos anos de docência na universidade. Na opinião das professoras, embora o tempo de gestão seja relativamente curto, é o suficiente para que as bases das mudanças previstas para o desenvolvimento da UFRJ sejam lançadas. “Questões mais estruturais, como aquelas relacionadas aos ciclos básicos gerais, por exemplo, requerem mais tempo. Imagino que em 2011 já teremos conseguido implementar alguma transformação. Espero que nossa pró-reitoria possa deixar um caminho, uma visualização completamente nova para a próxima gestão”, conjetura Belkis Valdman.

Para Angela, o desafio é o principal atrativo da empreitada à frente da PR-2: “O tempo já me provou que a gente entra em um projeto cheia de idéias, mas, meio do caminho, muitas vezes, percebemos que algumas não são factíveis. Só que se for para partir desse princípio, eu nem começo. Tenho propostas novas, caso contrário não teria motivos para aceitar o cargo. Eu quero desafios e pretendo me divertir bastante aqui”, diz, em tom lúdico, a docente.