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Sobre a nova direção da EM/UFRJ

Kadu Cayres

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Trata-se da mais antiga instituição de ensino musical do Rio de Janeiro, que acaba de ganhar um novo diretor. Nomeada Escola de Música da UFRJ (EM), em 1965, por força do Decreto nº. 4.759, a EM será dirigida, a partir de julho, pelo professor e regente da Orquestra Sinfônica da universidade, André Cardoso.

Atualmente, a escola vem enfrentando muitos problemas. Segundo André, um dos mais sérios é a questão dos currículos acadêmicos que se encontram em total desordem. “Nós temos um curso de graduação que é divido em bacharelado e licenciatura. Há cerca de 6 anos, fizemos uma grande reforma curricular, dentro do que a Lei de Diretrizes e Bases determina, e a mesma não chegou ao final. Então, temos dois currículos com problemas distintos”, afirma o professor. O currículo do bacharelado ainda permanece com o formato antigo no Sistema Integrado de Gestão Acadêmica (SIGA), enquanto a escola já vem praticando o reformado. Isso, por sua vez, gera uma confusão para os alunos, principalmente, na hora de se formar, pois quando vão pedir contagem de créditos, acabam percebendo que ainda faltam disciplinas a serem cursadas.

Com o currículo da licenciatura, o problema é de cunho institucional. Uma disciplina não foi devidamente apreciada pelos departamentos, e isso gerou uma série de conflitos dentro da escola, que culminou na não formatação de um novo currículo.

— Existem vários problemas, e conto com uma equipe maravilhosa de diretores adjuntos. Será dada uma atenção especial a essa questão dos currículos, porque isso afeta a vida dos alunos de maneira muito forte. Temos que buscar uma solução negociada dentro da escola, não deixando de ter sempre os departamentos como referência — esclarece o novo diretor.

Outros problemas, como os de ordem infra-estrutural, permeiam a escola. Uma grande reforma está sendo feita nas instalações (a fachada já foi reformada e o Salão Leopoldo Miguez está em obras), e o que deveria ser algo de satisfação para Escola, acabou se transformando num tormento. Com a falta de um planejamento mais inteligente, professores estão sem espaço para ministrar suas aulas, ou continuam dando as mesmas onde as obras estão sendo feitas. “Eu tive que dar aula de prática de orquestra numa sala onde não cabiam todos os alunos. A solução foi dividir a turma” — confessou o André, destacando a necessidade de se fazer um planejamento das atividades didáticas e artísticas da escola, para que o período de obras cause menos transtorno.

Reforma administrativa na Escola de Música

Segundo André Cardoso, uma reforma administrativa precisa ser feita, pois seu regimento interno, de 1973, está desatualizado; e isso gera um choque entre ele e o estatuto da UFRJ, além de causar sérios transtornos à Escola de Música. “Estou disposto a reformular esse regimento e fazer uma administração que não tenha muitos problemas, do ponto de vista até da burocracia, que deve existir, mas de maneira natural, tolerável. Enfim, tem muitas coisas para se fazer aqui, e tenho certeza de que várias delas serão feitas, mas algumas ainda ficarão para outra gestão”.

Combate às vagas ociosas

Em diversos conselhos da universidade o problema das vagas ociosas vem sendo discutido, e a Escola de Música fica sempre entre as unidades mais citadas. Para André Cardoso, essa freqüente citação acontece porque as pessoas desconhecem a verdadeira realidade da escola, ou melhor, a realidade do ensino de música no país.

André foi mais além dizendo que a questão da ociosidade vem sendo colocada de maneira pouco crítica na universidade. Segundo ele, aumentar o número de alunos não resolve o problema de ninguém, nem da universidade, nem dos alunos. “Como é que hoje, nas condições em que se encontra a Escola de Música, podemos aumentar o número de alunos. Se ela já tem dificuldade em atender os que estão, não adianta aumentar o número e deixar de lado outras questões como, por exemplo, aumentar o número de salas de aula”.