De Olho na Mídia

Cientistas da UFRJ apontam soluções contra aquecimento global

 

Pesquisadores brasileiros participam de relatório do clima da ONU.

Setor de transportes emite 23% dos gases poluentes no mundo.

A tecnologia não é a grande vilã do aquecimento global. Para os três pesquisadores brasileiros que participaram do Painel Intergovernamental sobre Mudanças do Clima (IPCC, na sigla em inglês), da ONU, medidas de adequação de hábitos culturais e vontade política ajudariam a diminuir as temperaturas para um nível 50% ou até 85% do que são hoje até 2050.

O desequilíbrio climático, além de poder atrapalhar a agricultura, pode aumentar a proliferação de doenças e dificultar o abastecimento de água em todo o planeta. "Na agricultura, temperaturas mais altas restringem as áreas plantadas. Há a desconfiança de que o Nordeste brasileiro possa virar um deserto e a floresta amazônica, um cerrado. Temperaturas elevadas aumentariam doenças como a malária e a dengue", traça o panorama o pesquisador Roberto Schaeffer, um dos autores do relatório da ONU e professor da Coordenação dos Programas de Pós-graduação de Engenharia (Coppe), da UFRJ.

Combustíveis fósseis, os vilões

Segundo ele, os chamados combustíveis fósseis, como petróleo, carvão e gás natural, são os principais poluidores, seja com sua atuação nos meios de transportes, nas indústrias ou nas residências. Só o setor de transportes, que cresce em média 2% ao ano em todo o mundo, corresponde a 23% das emissões de CO2.

"Mais de 95% do setor de transportes é movido a derivados de petróleo. O biocombustível hoje representa menos de 2%, mas pode chegar a 10% em 2030", analisa Susana Kahn, uma das coodenadoras que esteve este ano na Tailândia para o IPCC.

Para conter o crescimento desses números, cidades como Londres, na Inglaterra, e Estocolmo, na Suécia, criaram o pedágio urbano, que já fez as taxas de poluição do ar diminuírem 20% e 13%, nas respectivas capitais.

Mudanças políticas e culturais podem ajudar

“Soluções tecnológicas existem a custos acessíveis, mas isso implica em um mundo qualitativo diferente do que é hoje. São barreiras culturais também. As pessoas querem um carro que consuma menos gasolina por quilômetro, mas não querem um que alcance 150km/h em 10 segundos. A gente tem uma cultura do desperdício que vai precisar ser repensada”, completa Schaeffer.

De acordo com o relatório, a tendência é que os países desenvolvidos, como os Estados Unidos e os da Europa, mantenham ou até diminuam suas emissões de gases e os países em desenvolvimento, como Brasil, China e Índia aumentem seus índices. O problema é que, segundo os estudos, mesmo que todo o planeta abrace medidas ecologicamente corretas para diminuir esses números hoje, os gases já emitidos ainda vão ficar presos na camada de ozônio durante dezenas de anos.

Relatório da ONU indica biocombustível

Entre as soluções apontadas estão ainda o uso do biocombustível, a promoção de transportes públicos, a substituição das rodovias por ferrovias para o transporte de cargas, e o uso de energias alternativas, como a solar e a eólica. "Pode ser mais barato ajudar, como usar geladeiras e lâmpadas mais eficientes e que consomem menos energia", exemplifica Schaeffer.

Outras medidas simples que podem ser adotadas no dia-a-dia são a preferência pela escolha dos tranportes públicos, dirigir mantendo uma velocidade média e evitando o consumo excessivo de combustível, usar mais sua bicicleta do que seu carro, fazer coleta seletiva e preferir produtos reciclados e ecologicamente corretos.

Veículo: Portal G1   Data: 18/05/2007   Editoria: Clima