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Uso eficiente de energia deve se estender da indústria às casas, aponta relatório da ONU

 

Brasília - O uso eficiente da energia nos vários setores da economia é uma das principais formas de se limitar os efeitos do aquecimento global. A constatação está na terceira parte do 4º Relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, sigla em inglês), divulgado hoje (4) em Bangcoc, na Tailândia.

e acordo com o relatório, seja no transporte, na indústria ou mesmo dentro de casa, atitudes como o incentivo ao desenvolvimento de fontes renováveis de energia e que contenham menor quantidade de carbono, como o uso de transportes coletivos e não-motorizados (como bicicletas) e a opção por tecnologias que consumam menos energia devem ser incentivadas.

“Mudanças de estilo de vida e padrões de comportamento em todos os setores (da economia e da vida como um todo) podem contribuir para diminuir as mudanças climáticas”, diz um trecho do documento.

O pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Roberto Schaeffer – um dos três brasileiros que participaram do grupo de trabalho responsável pela formulação do relatório do IPCC – detalhou algumas medidas que podem ajudar os países a utilizar a energia de maneira mais eficiente. Segundo Schaffer, cerca de 75% das emissões globais de gás carbônico vêm do uso de energia.

No setor agrícola, por exemplo, ele recomenda a diminuição do uso de fertilizantes que contenham altos níveis de nitrogênio (gás que também causa o efeito estufa) e a adoção de práticas que agridam menos o solo. “O plantio do arroz, por exemplo, do ponto de vista de emissão de gases de efeito estufa, faz muita diferença se você planta arroz no seco ou no molhado, pois o molhado produz muito metano”, explica.

A diminuição das emissões de gás metano, que também é responsável pelo efeito estufa, pode ser controlada ainda pela melhoria na alimentação dada aos bois, que emitem gás metano no seu processo digestivo.

No setor de transportes, o pesquisador sugere que as pessoas adquiram carros do tipo flex, que aceitam tanto a gasolina quanto o álcool como combustível. Isso porque, de acordo com Schaeffer, o gás carbônico que seria emitido com a queima do álcool corresponde ao carbono retirado da atmosfera no processo de crescimento da cana-de-açúcar.

“Os carros no Brasil emitem menos do que em qualquer outro país do mundo, mas um carro europeu pode ser mais eficiente do que um carro brasileiro, por fazer mais quilômetros rodados com um litro de combustível”, afirma. E adverte que é preciso repensar o uso de transporte individual: “Mais eficiente do que um carro andando a álcool, por exemplo, é você ter um transporte público eficiente e seguro”.

Na construção de edifícios, o pesquisador sugere os que utilizem outras fontes de energia, como a solar. Recomenda ainda a compra de eletrodomésticos que consumam menos energia.

O relatório do IPCC também cita algumas opções de consumo eficiente de energia, como a utilização de biocombustíveis, a substituição do transporte rodoviário por trens, hidrovias, transportes coletivos e não-motorizados, o uso de equipamentos domésticos mais eficientes no consumo de energia e a preservação das florestas tropicais.

Veículo: Agência Brasil – DF   Data: 04/05/2007   Editoria: Brasil Agora