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Não esqueçamos o social – Pan 2007

Priscila Bastos

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O foco principal da maioria das reportagens sobre o Pan Americano 2007 é o atraso nas obras, principalmente no Estádio João Havelange, o Engenhão. Entretanto, um evento de tais proporções não se resume a construções e orçamento. Traça uma teia de relações, que envolve toda a população da cidade, direta ou indiretamente. Nesse sentido, é de extrema importância analisar o lado social dos jogos e seu possível legado à cidade do Rio de Janeiro, já que todo o município será integrado ao projeto, com jogos e competições de norte a sul na cidade.

Já é uma espécie de clichê dizer que o esporte é uma excelente forma de educar e disciplinar, principalmente crianças. O professor de Educação Física e coordenador de Esportes e Extensão da Escola de Educação Física e Desportos (EEFD) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Armando Alves de Oliveira, afirma que “o esporte, em qualquer modalidade, pode gerar uma série de relações que não são necessariamente positivas, mas de que se podem extrair relações positivas”.

“Em uma seleção brasileira jogam 12, 14 atletas, dependendo da modalidade. Um estrela é um , dois, é um Ronaldinho. O esporte tem que ter sua base social e que desenvolva o homem”.

Preocupados com o caminho que irá seguir o Pan 2007, professores, pesquisadores universitários e outros segmentos da sociedade criaram o Comitê Social do Pan, que, como os próprios membros definem, pretende intervir criticamente na implementação dos jogos Pan-Americanos no município do Rio de Janeiro, abrindo-a ao debate com segmentos da sociedade civil organizada e com a população diretamente afetada “. A idéia é acompanhar os gastos orçamentários e as intervenções urbanísticas e sociais provocadas pelo evento antes e depois do seu acontecimento”.

O Pan Americano não deve ter repercussão sobre a cidade apenas enquanto durar, mas sim deixar uma herança positiva e que motive a continuidade de projetos esportivos e que desencadeiem outros sociais. “Se pudéssemos construir a possibilidade de ter um grupo muito grande de crianças envolvidas em projetos esportivos, poderíamos conseguir implantar a importância da escola e do conhecimento, a questão fundamental da busca pela cidadania plena, uma possibilidade de terem uma autonomia quando adultos, no sentido de escolherem que caminho seguir na vida, e não só dependerem das pequenas oportunidades que lhes são, praticamente, impostas”, destaca o professor Armando.

Para isso, o Pan 2007 poderia servir como um passo inicial, na medida em que se ofereceriam inúmeras oportunidades a partir do impacto político da sua realização e do aproveitamento do espaço físico construído para o evento. Isso tudo, ressalta o professor, feito pelos governos municipal, estadual e federal, contribuiria para o desenvolvimento integral do homem, com o foco no esporte. Seria um produto interessante pós-Pan “.

Mais informações sobre o Comitê Social do Pan no site http://br.geocities.com/fporj/.