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Edição 338      10 de maio de 2011


Ponto de Vista

O mundo pós-Bin Laden

 

 

Thais Carneiro

 

No dia 2 de março, o mundo recebeu a noticia da morte do terrorista mais procurado dos últimos dez anos, Osama Bin Laden. Ele foi encontrado no Paquistão, onde morava com a família, e foi executado no local por soldados americanos em uma operação que já vinha sendo planejada há meses. O momento ficará marcado como o auge da guerra contra o terrorismo iniciada após o atentado contra as torres gêmeas na cidade de Nova Iorque em 2001. O presidente americano, Barack Obama, anunciou no discurso que ficará marcado na história mundial que a “justiça foi feita”.  

A maior preocupação de alguns países, no momento, é a possibilidade de retaliações da Al-Qaeda e seus filiados em vingança à morte de seu líder. Para Arthur Bernardes do Amaral, pesquisador-associado do Laboratório de Estudos do Tempo Presente da UFRJ, não há possibilidade de ataques em curto prazo no mesmo porte do World Trade Center. A principal arma do terrorismo é o elemento surpresa que no momento está desfalcado pelo foco gerado pela ação americana. As ações podem - e estão sendo - voltadas para alvos mais próximos, principalmente para as tropas de segurança e os governos considerados inimigos por não seguirem a mesma lógica ideológica fundamentalista da organização, como o Paquistão e o Afeganistão. Em um segundo momento, as ações podem vir a ser praticada contra a sociedade civil, considerada cúmplice desses governos considerados ilegítimos pela Al-Qaeda.  

Quanto à situação do governo Obama, Arthur do Amaral acredita que esse sucesso em curto prazo trará um significativo aumento para a popularidade do presidente que vinha sofrendo quedas, devido aos problemas que vem enfrentando para atingir as metas, principalmente na questão da saúde. Porém, a médio e longo prazo pode haver questionamentos sobre essa ação por causa da sua longa duração e seus altos custos tanto financeiros quanto de vidas de soldados. Não é errado afirmar que Obama levará os méritos sobre a operação e que será decisivo para a campanha de reeleição, que só sairá de vista caso o presidente cometa algum suicídio político.  

A ação gerou controvérsias por ter acontecido sem o conhecimento do governo paquistanês e pelo “sepultamento” do terrorista no mar, ação questionada pelos filhos de Bin Laden. Para o professor, a ação foi irregular, principalmente por ter sido executada em demérito à soberania do governo paquistanês: as tropas invadiram os espaços aéreo e terrestre sem conhecimento prévio das autoridades locais. Segundo Amaral, a situação gerou duas imagens para o Paquistão: a de incompetência, por não ter encontrado o terrorista dentro do próprio território, e de complacência, já que o país poderia estar ciente da presença de Osama Bin Laden em seu território e não fez nenhuma ação para encontrá-lo. Os Estados Unidos justificam suas ações pela premissa de que os “fins justificam os meios”, ou seja, a captura do homem mais procurado do mundo seria mais importante do que toda as barreiras legais ultrapassadas.  

Vários grupos estão buscando ocupar o lugar deixado pelo terrorista assassinado, visto pelo professor como possível criador de problema a médio e longo prazo. No cenário geral da “Guerra do Terror”, a morte de Bin Laden significa o fim de um símbolo para as outras facções, mas não o fim do combate que idealizava o terrorista.

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