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Edição 327      8 de fevereiro de 2011


Olho no Olho

Consumo de energia no Brasil

 

Marlon Câmara e Andreza de Lima Ribeiro

Ilustração: João Rezende

Um dos temas mais importantes em todo o mundo atualmente, com grande destaque no Brasil, é Energia. Por esse motivo, os pesquisadores estão sempre atentos às mudanças ocorridas no setor que possam influenciar o abastecimento de eletricidade no país.

Segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), em 2009 houve estagnação no consumo de energia elétrica, não sendo apontada nenhuma alta nesse período. Em 2010, porém, foi registrado aumento de 8,3% no consumo de eletricidade pela população brasileira, atingindo um recorde na carga do sistema de 56.577 megawatts médios.

O crescimento ocorreu em todos os estados brasileiros, mas o Sudeste e o Centro-oeste, regiões que demandam a maior parte da energia do país, ficaram com uma média elevada, chegando a 8,9% de aumento de consumo.

Para discutir o assunto e saber as consequências do crescimento para 2011, o Olhar Virtual entrevistou Roberto Schaeffer, professor associado do Programa de Planejamento Energético (PPE) da Coppe-UFRJ, e Roberto Brandão, pesquisador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel/UFRJ).

Roberto Schaeffer

 

“Não acredito que esse aumento possa trazer consequências no abastecimento de energia do país em 2011. A situação energética brasileira de curto prazo é bastante confortável. Aliás, com as chuvas recentes ocorridas no sudeste brasileiro, que é onde estão situados os maiores reservatórios de hidrelétricas do país, e aquelas esperadas para os próximos meses, espera-se uma situação bastante positiva para a hidreletricidade em 2011. Assim, no curto prazo, o abastecimento de energia no Brasil não poderia ser mais favorável. O crescimento esperado para a economia e o consequente aumento esperado no consumo de energia não deverão alterar este quadro.

O consumo de energia segue aproximadamente o desempenho da economia. Assim, da mesma maneira que se espera um crescimento mais brando da economia em 2011 (da ordem de 5-6%) se comparado a 2010 (da ordem de 7-8%), também se espera um crescimento um pouco mais brando do consumo de energia.”


Roberto Brandão


“O sistema de transmissão brasileiro é desenhado de forma a suportar a perda de qualquer equipamento sem que ocorra um apagão. É preciso que ocorram duas ou três falhas ao mesmo tempo para que o abastecimento seja interrompido. O forte aumento do consumo ocorrido em 2010 não é motivo de alarme. Essa alta expressiva compensou, em parte, o recuo do consumo verificado em 2009 em razão da crise econômica.

Portanto, o apagão da última semana - cujo saldo foi de oito estados às escuras no nordeste do país - não foi motivado pelo aumento do consumo. Sobretudo devido à hora em que ocorreu, pouco depois da meia-noite. A esta hora o consumo é baixo e não há hipótese de sobrecarga. A falta de energia aconteceu devido a uma sequência de três falhas técnicas que não puderam ser administradas e acabaram resultando no blackout. O Brasil não tem problemas estruturais nas redes de transmissão e tampouco de capacidade de geração. Somente uma seca excepcional ou uma sequência de anos muito secos podem constituir uma ameaça real ao abastecimento."


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