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Edição 285      23 de fevereiro de 2010


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Escola Politécnica desenvolve programa para reutilização de águas

Texto e Foto: Diego Paes de Vasconcelos – AgN CT

Visando lidar com a problemática da escassez de água no mundo, o Departamento de Recursos Hídricos e Meio Ambiente da Escola Politécnica vem trabalhando no projeto “Águas de Reuso”. A iniciativa desenvolve o Centro Experimental de Saneamento Ambiental (Cesa/UFRJ), onde parte do esgoto sanitário produzido na Cidade Universitária é tratada e usada para irrigar jardins e canteiros ornamentais do campus, numa parceria entre o departamento e a Prefeitura Universitária.  

O coordenador do Cesa, professor Isaac Volschan Júnior, ressalta que o objetivo maior do projeto é a universidade poder apresentar na prática um procedimento que requer conhecimento técnico-cientifico produzido internamente, atrelado ao conceito que vai ao encontro do que se prega hoje em dia sobre desenvolvimento sustentável. “Fazer o uso racional da água e conservá-la é um método que está começando a deslanchar todo um processo de conscientização”, afirma Volschan.  

Outro aspecto importante da iniciativa é o grande envolvimento dos alunos nas instalações do Centro Experimental de Saneamento Ambiental. Provenientes dos cursos de graduação e pós-graduação dos departamentos de Engenharia Ambiental e Civil, os estudantes participam de pesquisas, auxílio técnico e treinamento em escala real, com o desenvolvimento das atividades de ensino no próprio laboratório.   

O processo de tratamento

Segundo Volschan, grande parte do Cesa é dedicada a pesquisas de aprimoramento tecnológico para o tratamento de esgotos. Tecnologias de tratamento de esgotos já estão sendo implementadas para obtenção de esgoto com qualidade para descarte no meio ambiente. De acordo com o coordenador do Cesa, o padrão requerido para o uso de esgoto sanitário deve ser de melhor qualidade em comparação ao usual. “Esta eliminação só é possível se atendido determinado padrão de qualidade. Não se pode descartar qualquer água, tem que descartar uma água com qualidade melhor que a de esgotos sanitários”, elucida. 

Este é o motivo pelo qual foram implantados procedimentos de tratamento de grau mais avançado. Ou seja, o esgoto que era tratado em nível secundário agora está num terciário por meio da filtração dos efluentes secundários. O professor explica que, “após essa filtração, a água passa a apresentar  clarificação muito boa, com padrão de turvação na ordem de cinco unidades, o que representa uma água de excelente qualidade (a água potável tem padrão 1 de unidades de turvação). Contudo, trata-se de água que ainda não é isenta de organismos de contaminação provenientes de matéria fecal humana;  portanto, ainda precisa ser desinfectada, principalmente para a proteção da saúde dos trabalhadores que lidarão com ela”, esclarece. 

A etapa final desse  processo é o armazenamento dos efluentes tratados num reservatório que abastece diariamente o caminhão-pipa da Cidade Universitária para a utilização da água nos canteiros do campus, numa parceria com o Horto da UFRJ. Isso possibilita a economia em torno de 24 mil litros de água potável, que eram utilizados anteriormente, e de aproximadamente R$ 80 mil,  gastos anualmente.  

Futuro sustentável  

Volschan cita alguns grupos que realizam trabalhos semelhantes ao da UFRJ, como as companhias de abastecimento do Distrito Federal e dos estados do Rio de Janeiro e São Paulo, além da Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Para ele, a viabilidade econômica desses planos de reuso ainda é uma grande barreira a ser transposta para a implantação do projeto como um todo. “Na verdade, a questão econômica é de fato  grande indutor de um procedimento como esse, mas mesmo com altos custos os programas de reuso de água tornam-se indispensáveis na atualidade”, comenta. 

O professor demonstra otimismo com o projeto. “Três projetos do laboratório foram aprovados no edital da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) em diferentes temas, como abastecimento de água, esgotamento sanitário e drenagem urbana. Vamos trabalhar com nosso custeio sendo feito com certa tranquilidade por dois anos”, afirma. Volschan também ressaltou a importância do projeto no momento de implantação do Plano Diretor 2020. “É uma prova de que todos os planos sustentáveis, que trazem conceitos modernos, podem ser realizados”, conclui

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